sexta-feira, 28 de junho de 2013

Somos tão Jovens - Capitulo 3


Capitulo 3

Desceu as escadas rezando para que sua pequena continuasse lá em cima e foi conversar, novamente, com sua mulher.
‘Ei!’ – ela disse. Colocou a bolsa numa daquelas mesas de centro e voltou seu olhar para Arthur.
‘Quando você vai assinar?’ – perguntou sem rodeios.
‘Nunca, eu já disse.’ – passou as mãos nas têmporas. – ‘Já conversamos sobre isso Arthur, é só uma crise, o divorcio não vale a pena.’
 ‘Eu não quero mais isso.’
‘Você nunca quis.’ – Cassia disse o que ela sempre soube, sempre soube que ela fora apenas um pretexto, mais uma, na lista de Arthur. Desde que Lua se fora, ela nunca aquietava-se com uma só mulher, ela fora a única que conseguiu o amarrar por mais tempo, não o deixaria ir, ela o amava.
‘Se sabe disso, por que continua ao meu lado?’
‘Eu te amar talvez seja o suficiente.’ – deu de ombros retirando os óculos de grau em seguida. - ‘Eu não sei, Thur, não sei.’
‘Cassia, eu amo você, mas não da mesma forma que você diz me amar. Você me deu uma filha linda.’
‘Talvez essa seja ainda a única coisa que não impeça de ir embora por aquela porta.’ – a mulher replicou amarga, mexendo nos armário em busca de algo para começar a preparar o jantar.
‘Ela é.’ - falou sincero, sabia que estava sendo cruel, mas não tinha jeito. O casamento há muito tempo já vinha se ruindo, pouco a pouco. Além de que, nunca houve amor, não aquele tipo de amor o qual você realmente pertence ao amado, uma amor fraternal, pode-se dizer, e até mesmo esse estava se esvaindo.
‘Thur, não vamos mais falar sobre isso, ok?’
‘O que? Por quê? É a minha vida, minha vida que está em jogo aqui!’ – bradou irritado.
‘A nossa vida está em jogo. A vida Susanna está em jogo.’
‘Existem várias crianças no mundo com pais separados, Su não seria a única. E eu jamais a abandonaria se é isso que te incomoda.
‘Não é isso, mas eu penso que talvez você esteja precipitando.’
‘Não estou!’
‘Thur, me dê algum tempo sim, eu só preciso de um tempo.’
‘Eu vou sair.’ – comunicou extremamente irritado. Não entendia como Cassia podia se prestar aquele papel, implorar para que ele ficasse mesmo sabendo que ele nunca a amou.
Saiu do prédio e caminhou algumas ruas a pé, ia sem nem ao menos se dar conta a uma prainha meio desconhecida pela maioria dos cariocas, uma lugar quase secreto, um lugar onde passou os melhores momentos de sua vida ao lado da pessoa que realmente ama.
Passou a língua levemente pelos lábios ressecados pela longa caminhada sem pausa para hidratar-se, sua garganta estava seca, mas ele não se importava. Sentou-se nas pedras, sentia as ondas baterem com força nas pedras, respirou fundo abraçando os joelhos. Apoiou a cabeça nos mesmo encarando a ressaca do mar à sua frente. Parece que ele não era o único revoltado por ali.
Sentiu uma movimentação parte baixa da praia, mas não se importou, continuou a olhar o mar, olhava quase como se ele pudesse trazer o que ele mais desejava para perto dele agora. Lua, onde ela está agora? Será que estaria em um hotel, com um namorado? Ela não havia comentado se estava solteira. Mais que tolice, ele estava casado, nem por isso ela havia ficado com esse sentimento estupido de posse. Ao menos não demonstrou. Talvez já o tivesse esquecido. Sentiu sua visão ficar embaçada à medida que continuava a pensar que ela já não o amava, ela a queria tanto. Oh céus, por que haviam mesmo se separado. Talvez estivesse bem hoje. Tantas teorias e nenhuma afirmação.
Olhou para baixo e viu uma silhueta feminina banhar-se timidamente nas águas, prendeu a respiração ao reconhecer de quem se tratava, se levantou em um pulo e tratou de ir em direção a Lua. Tirou a camiseta e jogou em um canto qualquer da areia, indo em passos cada vez mais ligeiro a mulher que agora o encarava receosa.
Lua estendeu a mão sobre o peito de Arthur num pedido mudo que parasse qualquer coisa que ele estivesse prestes a fazer, mas isso não aconteceu. Ele rodeou sua cintura com uma mão enquanto a outra ia em direção a seu rosto.
‘Thur...’ – pediu quase choramingando para que ele parasse.
‘Lu...’ – sussurrou extasiado demais para que atendesse a sua súplica, ele sentia sua fata, falta do seu toque do seu beijo e nada mais importava, nem mesmo o fato de estar casado. – ‘Eu senti tanto a sua falta.’ – ainda fala baixo. Lua fechou os olhos com força mordendo os lábios com mais força que o necessário, sentiu um nó se formar em sua garganta. Ela também sentira a dele e como sentira, voltou por ele, mas jamais aceitaria ser a outra.
‘Thur, não.’ – falou firme conseguindo se afastar, mesmo que um pouco de Arthur. Ele a olhou como quem pede clemência, ela desviou de seu olhar, puxou a barra do vestido longo de branco do fundo d’água e foi-se em direção à prainha.
‘Você tá namorando.’ – afirmou rude ao alcança-la novamente.
‘ O que? Não.’ – falou sem olha-lo juntando suas coisas que estavam espalhadas pela areia.
 ‘É o único motivo, ou então, você não me ama mais.’ – replicou aturdido com a última afirmação.
‘O fato de você estar casado é um grande empecilho. Não serei a outra, Thur.’ – retrucou expondo sua opinião de maneira clara já que apesar de todos os sinais ele parecia ainda não ter entendido.
‘Você jamais seria a outra!’
‘Mesmo, e como eu posso saber disso?’
‘O fato de eu ainda te amar, mesmo durante tanto tempo depois e que nunca, nunca, deixaria que você se prestasse a esse papel repulsivo.’
‘Por que estamos brigando como se ainda fossemos um casal?’
‘Porque nunca deixamos de ser um.’ – disse Arthur com uma certeza em sua voz que quase convenceu Lua de que aquilo era certo, quase.
‘Desde o momento em que eu saí por a porta do seu apartamento, desde o dia em que brigamos pela ultima vez no camarim de um show, que nós deixamos de ser um casal.’
‘Mentira sua! Admita, voltou por que sente minha falta tanto quanto eu sinto a tua.’
‘Não seja egocêntrico.’
‘Não seja estupida.’
‘Eu não vou entrar no seu jogo, sei o que está tentando fazer, nós brigamos e depois de xingamentos estúpidos você me beijaria. Não obrigada, mas você...’ – Lua não conseguiu terminar de falar, logo uma boca ressacada do vento frio colou-se a sua também ressecada. Um selinho terno foi depositado ali, nenhum dos dois ousou se afastar, Arthur pediu passagem e esta logo lhe foi concedida, com alguma relutância. Um choque percorreu o corpo de ambos quando as duas línguas se tocaram, um beijo simples se iniciava, cheio de saudades e angustia. As línguas se tocavam com uma gloriosa maestria, um formigamento peculiar se apossava de ambos, o vento frio da noite arrepiavam lhe a pele úmida.


Por Karina Ellen

9 comentários:

  1. Ahhhhhh essa web toda misteriosa mas sério eu to adorando ela =D

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  2. posta +++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++=

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  3. Fofo juntos, mas ser a outra realmente não dá certo >< XxCamila

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  4. To adorando essa web. Tem um ar mais formal, parece que estamos lendo um livro de romance antigo. Muito interessante.
    Bea

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  5. Aaaaaaah mais por favor tô ficando viciada nessa web!!! Quantos capítulos tem?

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  6. Karina, mistério assim devagarinho...
    Minha filha, tortura é crime!
    Destino, paixão, unirá esses dois (Eu espero)
    Acho que o Cupido (DDF) e o Universo (SMF) tem uma quadrilha que conspiram nesse jogo de junta e afasta o casal Luar.

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