Capitulo
5
Ao
chegar ao hospital Cassia foi imediatamente atendida por o medico plantonista,
que por sorte, era o mesmo com quem ela fazia o tratamento. Arthur andava de um
lado para o outro com sua cabeça fervendo em pensamentos. Lua, Cassia, Susanna.
Céus, tudo parecia tão mais confuso agora.
‘Acompanhantes
de Cassia Aguiar?’
‘Eu.’
– se pôs de pé num instante. – ‘Como ela estar?’
‘Não
estar. O senhor gostaria de se despedir dela?’
Arthur
assentiu ainda transtornado e seguiu o médico em direção ao quarto onde sua
mulher estava. Olhou para ela que estava sem vida. Sentiu as lágrimas lhe
rolarem o rosto.
‘Me
desculpe, eu jamais imaginei que terminaria assim. Se eu soubesse, eu teria
feito diferente...’ – segurou a mão frágil e apática da mulher entre as suas,
ele chorava, percebia que ela não o responderia mais, havia-se ido. - ‘Cass, eu
jamais desejei que isso acabasse assim. Nunca pensei que a veria dessa forma,
eu nunca.’ – fungou limpando as lágrimas com certa rudeza. – ‘Eu serei o melhor
pai do mundo para Susana, você verá, onde quer que você esteja terá orgulho de
mim e de Su.’ – pôs-se de pé, olhou para o doutor que analisava com certa
emoção a cena.
‘Creio
que o senhor deva organizar o funeral...’
‘Certamente,
mas há ainda uma coisa mais difícil a se fazer...’
‘A
criança.’ – Arthur assentiu e retirou-se do quarto, não saberia como fazer, mas
teria de ser feito, por mais que doesse, teria de contar a Susanna o que
aconteceu.
Dois meses depois
‘Um
dia a mamãe vai voltar papai?’
‘Eu
não sei querida.’
Pai e
filha estavam deitados na cama do casal, a casa havia ficado vazia. Por mais
que Arthur não amasse Cassia, jamais pensou que tudo terminaria de uma forma
tão trágica. Contar para Susana o que tinha acontecido não foi uma tarefa
fácil, chorou tanto que a menina deduziu por si só e juntou-se ao pranto com o
pai. O enterro seguiu-se triste, com vários amigos e familiares presentes,
inclusive Lua.
Lua.
Há muito tempo não falava com ela, não sentia mais vontade. Na verdade
sentia-se culpado por pensar nela, como se estivesse traindo a memoria de Cassia.
Ela sabia o quanto Arthur amava a Lua, mesmo que casado, jamais aprovaria tal
união, e por isso ele seguia só.
‘Eu
sinto falta dela.’ - a menina comentou num meio suspiro.
‘Eu
também.’ – respondeu o pai sem saber ao certo se falava de Cassia ou Lua.
‘Papai,
por que não vê mais a Lua?’ – perguntou inocente enquanto mexia distraída nos
cabelos negros do pai.
‘Não
gosto mais dela.’ – mentiu.
‘Ela
veio aqui outro dia.’ – comentou esquecendo que se tratava de um segredo.
‘Veio?’
‘Não.’
‘Su,
não quero que minta para mim.’ advertiu.
‘Veio.’
– suspirou. – ‘Ela é minha amiga.’ – sorriu.
‘Tenho
certeza que sim.’ – falou meio contrariado. Como Lua ousava aparecer em sua
casa mesmo sabendo que ele já não a queria? – ‘Su, preciso que você fique um
pouco com a babá.’
‘Vai
trabalhar papai?’
‘Não
querida, mas posso demorar um pouco.’ – deu-lhe um beijo se retirando em
seguida, iria encontrar-se com Lua, eles iriam ter uma conversa que definiria o
rumo de tudo.
Pegou
o elevador indo para a casa de Lua. Quando a mesma abriu a porta por instantes
esqueceu-se do que tinha de fazer ali.
‘Temos
que conversar.’ – ele disse.
‘Sim,
nós temos.’ – sorriu triste.
‘Lua,
o que você tá tentando fazer?’
‘Nada,
Arthur. Eu só fui te ver, mas apenas Susanna estava em casa, ela disse que
somos amigas?’
‘Sim,
ela disse. Eu não aceito Lua! Quero você longe de mim e da minha filha.’
‘Não
sei porque, mas já sabia que você diria isso. Não se preocupe Arthur eu estou
voltando para Londres. Nós dois, não vale a pena, nunca valeu, você parece
nunca entender nada...’
‘A
culpa agora é minha?’
‘Quem
se afastou de mim por que a falecida esposa não iria gostar?’
‘Não
toque na memoria de Cassia.’
‘O
que? Agora que ela se foi você a ama?’
‘E
agora que o empecilho maior finalmente se foi, você quer ter algo comigo?’
‘O
empecilho maior não era Cassia, o empecilho era você estar casado, e para o seu
azar você continua casado, não com um ser humano, mas com a memoria de um, você
se prendeu a ela Arthur, e não quer mais se permitir viver, se permitir amar.
Me amar, como você mesmo disse há um tempo atrás.’
‘Eu
estava louco, você não vale a pena.’
‘Bom
saber, eu... Arthur, saia daqui, me deixe.’
‘Eu
não quis dizer isso.’
‘Thur,
eu vou dar uma ultima chance a nós. Hoje à noite eu irei a um sarau, se você
ainda quer algo comigo, me encontre lá.’ – entregou a ele um bilhete contendo o
endereço do lugar – ‘Agora me deixe. Por favor.’
O
homem assentiu mesmo sem saber ao certo o que estava fazendo. A noite Lua
vestiu-se em uma saia longa com uma estampa de onça, uma blusa curta, branca e
pôs uma rasteira nos pés, deixou seus cabelos longos, lisos e loiros soltos.
Borrifou seu melhor perfume encarando uma mulher linda a frente do espelho.
Passou um gloss sem cor nos lábios carnudos saindo de casa, com um
pressentimento bom.
Ao
chegar ao sarau algumas bandas faziam covers de bandas já conhecidas. Sentou-se numa mesa próxima ao bar dizendo a
si mesma que ele viria, ele tinha de vir. Pediu ao garçom uma bebida fraca. Não
queria estar alcoolizada está noite. Apreciou o show sempre olhando o relógio
do celular. O trânsito deve estar muito caótico agora, dizia a si mesma, mesmo
sabendo que não era isso, mesmo sabendo que ele não viria mais. Deu-se por
vencida quando percebeu que já era muito mais tarde do que imaginava. Pegou a
chave do seu carro, mas parou ao olhar para frente e ver quem ela esperou toda
a noite.
‘Me
desculpe.’ – ele disse. ‘Me desculpe por ter te feito esperar, mas eu não
estava certo se era certo.’
‘E
agora?’ – perguntou passando a mão levemente a mão pelo o rosto dele.
‘Nunca
estive mais certo. Eu te amo, Lua, nada mais é mais importante do que isso.’
‘Oh,
Arthur, eu senti tanto a sua falta, eu te amo tanto.’ – respondeu emocionada,
sorriram um para o outro aproximando os rostos pouco a pouco, os olhos não
queriam fechar, mas quando as bocas se encontraram decidiram que era melhor
apenas sentir a emoção, não é necessário ver algo para que sejamos felizes,
temos apenas que viver.
O
amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com
leviandade, não se ensoberbece.
Não
se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não
suspeita mal;
Não
folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
Tudo
sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O
amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas,
cessarão; havendo ciência, desaparecerá;
Porque,
em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;
Mas,
quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.
Quando
eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino,
mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
Porque
agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço
em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.
Agora,
pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o
amor.
Coríntios
13, 4 ao13.
Fim
N/a: A web foi feita a base de mais uma aula muito chata da
grade técnica. Então, tive a ideia e penei em um nome, mas como eu queria ela
baseada na música Tempo Perdido, do Legião Urbana, eu meio que pensei, ah,
Somos tão jovens cola! Kkkkk é isso, espero que tenham gostado, ela
inicialmente era baseada apenas em Tempo Perdido, mas vou dizer a playlist que
me ajudou a escrever:
*Tempo Perdido; Ainda é cedo; Antes das seis; Vento no litoral;
Eduardo e Mônica; Os bons morrem jovens; Hoje a noite não tem luar; Há tempos;
Meninos e meninas.
Muito obrigada por todo o carinho que vocês sempre demonstram
nas minhas web’s anteriores e me desculpem por ser tão ausente. Beijos, espero
realmente que tenham gostado!
Adorei,o texto bem forte =D que bom que eles conseguiram se resolver,só fiquei triste pela morte da Cássia...
ResponderExcluirChorando sem conseguir expressar o que sinto no momento...
ResponderExcluirHistória perfeita, o medo nos faz procurar desculpa para não sermos felizes. Devemos encarar a vida de frente, encarar o amor de frente. Amor adolescente, amor jovem, amor maduro. Tudo é amor. A vida é amar, o outro, os outros, a sua metade, a si mesmo.
Karina repito as palavras da Nana, dá onde vem essa inspiração toda.
Playlist nota 10
Adorei ! Pena que acabo
ResponderExcluirQue talento Karina... Parabéns mesmo. Suas webs me emocionam profundamente. São únicas e as melhores. Parabéns,parabéns parabéns! Quero a próxima
ResponderExcluirChorei! O final foi lindo e a web mais ainda... Parabéns Karina!
ResponderExcluirFoi uma web forte, mas ao mesmo tempo leve, onde tratou assuntos marcantes de um jeito que não pesasse tanto e sim o casal mais maravilhoso impossível. Mais uma web fantástica hei?? Parabéns *-* Ps.: Apaixonada pelo nome da web *o* XxCamila
ResponderExcluirAmei o nome da web! Perfeita com "um toque" de tristeza.. Adorei ;3
ResponderExcluirNossa realmente foi muito triste, mas me surpreendi com a atitude do Arthur perante a Lua, toda aquela agressividade agora eu entendi o que a Nana quis me dizer com 'será que eles vão estar juntos' kk mais ainda bem que ele depois percebeu que estava errado e correu atrás dela
ResponderExcluirAle
Ameiii =). Parabéns Karina
ResponderExcluirCaraca, meu queixo até agora tá no chão! Morri e nem consegui chegar ao final de DDF.
ResponderExcluirTô tentando recobrar a consciência e os sentidos! Foi simplesmente incrível! E esse capítulo foi do 8 ao 80, foi triste, tenso, agressivo e apaixonante!
Parabéns Karina!!!