quarta-feira, 26 de junho de 2013

Somos tão Jovens - Capitulo 1


Capitulo 1

A manhã de sol cinza não assustava a menina, aliás, já estava mais que acostumada com esse tipo de clima no lugar onde morava. Sentada preguiçosamente em uma cadeira de frente ao mar ela observou o lugar em que estava não se parecia nada com o que ela havia deixado pra trás, mas o tempo passa. Deu um meio sorriso finalmente se dando conta que estava de volta ao Rio de Janeiro. Nossa... Fazia quanto tempo mesmo? Cinco? Seis anos? Ela não saberia dizer, mas soube que precisou voltar assim que um par de olhos invadiu seus sonhos, olhos conhecidos, olhos nunca esquecidos, castanhos.

Soprou o ar e viu uma fumacinha se formar. Desde quando o lugar havia se tornado tão frio? Suspirou levantando-se indo em direção ao quarto de sua cobertura, ela devia dormir um pouco, havia acabado de chegar de viagem e nem ao menos um cochilo tirou. É, ela realmente ia dormir.
Lua dormia serena. O cabelo, agora longo e liso, caia parte sobre seu rosto deixando-a com feições angelicais, tudo estava indo bem, até ela os ver, aqueles olhos, ela sabia que os conhecia, por que a perturbavam tanto, por que depois de tanto tempo?
Levantou-se num pulo tentando apaziguar o bolo de emoções que se instalou sobre ela, tragou a saliva contendo um soluço olhando para cima para impedir das lagrimas lhe escaparem os olhos. Era ele, ela sabia. Mas o que fazia ali, após tanto tempo a atormentando depois de tanto tempo? Eram tantas perguntas, tantas dúvidas, ela não sabia nem por onde começar.
Saltou da cama decidida a ir falar com sua mãe, elas não se viam pessoalmente há muito tempo e a saudade já não cabia mais em seu peito. Sorriu feliz ao estacionar seu carro em frente à casa amarela onde sua mãe morava sozinha, já que agora Marisol já era uma mulher adulta, tomando suas próprias decisões. Realmente, Lua havia perdido muita coisa, mas nunca deixou de falar com a família e os amigos, nunca, ela apenas não queria mais voltar ao Brasil. Não havia necessidade, mas agora, com esses sonhos, parecia que algo a chamava para estar de volta. Com um sorriso delicado nos lábios, prendeu os cabelos num coque desfiado, deixando a franja livre, pegou sua bolsa na cadeira do passageiro finalmente saindo do carro.  Apertou o interfone, duas vezes seguidas e esperou ansiosamente ouvir a voz de sua mãe.
‘Quem é?’ – uma voz calma e mansa ressonou naquele pequeno aparelho. Lua sentiu que poderia chorar ali mesmo, quanto tempo não via a mãe, o quanto ela deveria ter mudado. Controlou a emoção, engolindo o choro, como dizem.
Mãe? Sou eu, Lua.’ – ouviu uma exclamação de surpresa e de repente o portão estava aberto. Adentrou os jardins da casa olhando tudo a sua volta. A grama verde, a roseira bem cuidada, as árvores que costumava brincar quando era criança, tudo estava ali, da mesma forma.
Olhou para frente um viu uma mulher de altura igual a sua, com os cabelos curtos e meio loiros, meio brancos, correr em sua direção, seu sorriso aumentou e a velocidade de seus passos também. A mulher tomou Lua nos braços como se pegava uma criança no colo, a girou e a apertou num abraço de urso.
- Lua, a quanto tempo. Porque não me avisou que viria, eu teria ido teria ido te buscar! Como você passou? Está bem? Está tão magra querida, havia comida lá? – Claudia disparou um montante de perguntas sobre como havia sido a estadia da filha em Londres, como as mães costumam fazer e questionar se alimentação era saudável. Lua jamais admitiria que sua alimentação havia sido a base de cafés na Starbucks e lanches rápidos em um bar qualquer.
- Estou bem, mãe. Eu não lhe avisei porque nem eu mesmo sabia que viria... – beijou o rosto marcado pelo tempo de sua mãe.
- Muito bem, mas venha, temos tanto o que te falar, tantas coisas aconteceram. Ah, minha filha, eu estava com tantas saudades!
- Eu também mãe, também estava com muitas saudades.
Lua passou a tarde inteira com sua mãe. Ela havia ligado para os irmãos, que agora já moravam longe, alguns até em outro país, as que estavam no Rio foram imediatamente ver a irmã. A tarde se passou ligeira, entre risos e brincadeiras. Lua tomou o caminho de volta à sua cobertura não demorando muito a chegar, pediu um jantar no quarto enquanto tomava um banho. Trocou-se, hidratou-se e logo depois de terminar de pentear os longos cabelos lisos, batiam a sua porta.
‘Já vai!’ disse correndo para atender. Deu uma gorjeta ao rapaz que deixou o carrinho dentro do quarto, se retirou com um breve aceno de cabeça recebendo um sorriso singelo da mulher.
Jantou deliciando-se com o vinho tinto e alguma iguarias brasileiras, das quais sentia muita falta. Deitou-se fechando os olhos devagar, devaneou sobre os lugares que ainda queria conhecer, sobre o lugar ao qual pertencia, e sobre o dono dos olhos que tanto lhe afligia.
Levantou-se bem cedo na manhã seguinte, precisava comprar um imóvel, não poderia morar em um hotel para sempre. Visitou uma imobiliária na qual tinha plena confiança e esta lhe mandou um funcionário para lhe auxiliar na escolha de uma casa, ou um apartamento.
‘Senhorita Blanco?’ – o rapaz lhe chamou a atenção, ele não era feio, mas também não era bonito, na realidade o que o deixava meio desproporcional era o seu nariz voluptuoso.
‘Sim. ’ – respondeu delicadamente, sorrindo leve.
‘Gostaria de apartamentos ou casas?’
‘Coberturas! Não suporto passos sobre meu teto’ – falou com um leve ar brincalhão. Observou o rapaz assenti.
‘Eu buscarei algumas, mais tarde a telefono, pode ser assim?’
‘Claro, está perfeito!’ despediu-se do mais moço retirando-se da sala com uma elegância impecável, até mesmo a forma de andar parecia-se com uma princesa, culta e educada. Muita coisa aconteceu. Londres não era o Rio, Lua teve de aprender ou reaprender alguns modos.
Caminhou até seu carro no estacionamento abarrotado de veículos. Esticou os pés buscando enxerga-lo meio a tantos carros, pegou a chave e desativou o alarme, mas para o seu azar, outro carro também foi desativado no mesmo instante. Qual seria o seu agora? Foi até um dos carros, parecia-se muito com o seu, se não fosse uma cadeirinha na parte de trás, suspirou resignada e passou a caminhar em passos duros até o que, agora, ela tinha certeza de ser o seu. Mas quando estava em próxima do seu estimado carro, escuta uma voz distante lhe chamar, virou-se para trás, dando de cara com o par de olhos que tanto a atormentavam. Arthur, Arthur estava bem ali.
‘Lua?’


Por Karina Ellen

*Capa: Alana Weyh

10 comentários:

  1. Uau! Essa aí promete mistérios e surpresas. ADOOORO *o* XxCamila

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  2. Web's de Karina são sucessos na certa! #Fato

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  3. Ai OMG! Destino e sonhos, sempre falam aquilo que não temos coragem de admitir para nós mesmos.
    Amando ! Curiosidade me consome

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  4. :o
    Já amei! Já estou louca por mais!
    Essa promete fortes emoções!!!

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  5. Omg destino nunca falha, só uma perguntinha, a web é inspirada na vida pós rebelde??
    Ale

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  6. Só pelo nome e pelo primeiro capitulo to amando *-----*
    Brena

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  7. Opaa, grandes emoções já no primeiro cap essa web prometee
    Rapha L.

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