sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Por um Acaso - Capitulo 19 - parte 1


Capítulo 19 – Parte 1 – Penúltimo Capítulo 

Pov Arthur:

O tic-tac do relógio não poderia ser mais irritante do que naquele momento, já fazia horas que eu estava no mesmo lugar. Havia voltado pro mesmo hotel de antes, o qual quando entrei a senhora do caixa me olhou com uma cara curiosa, porém não me perguntou nada sobre a volta, me instalei de volta, dessa vez em um quarto diferente, segundo a senhora o outro em que estava antes já havia sido ocupado, o que me deixou até um pouco surpreso já que aquele lugar não era o que se diria de um local agradável.
Minha vida não poderia estar pior. Primeiro eu perco minha família por um capricho meu e por ser tão estúpido. Agora perco meus amigos que eram os únicos que ainda restavam pra mim. Além de ter voltado só por causa da Lua, ter dito tudo aquilo pra ela e não ter sido ao menos correspondido, nem ao menos sabia se ela viria ou não. Minha cabeça vagou para quando disse a Rosana que não iria mais com eles, talvez tivesse sido burrada, ou não. Decidi sair dali e ir andar um pouco.

Flash Back On:

- Rô... Eu... Eu não posso ir com vocês. – falei e pude ver seus olhos se arregalarem então ela balançou a cabeça de um lado pro outro como se estivesse ouvindo uma mentira.
- Thur... Só pode está de brincadeira não é? – falou se virando pra mim e depois voltando seu olhar para o motorista como se pedisse pra esperar um pouco mais e o mesmo balançou a cabeça positivamente mesmo a contra gosto.
- Rô, eu preciso conversar com a Lua, eu preciso pedir desculpas pra ela. Eu não fui justo com ela e... Eu, eu me apaixonei por ela, você me entende? – falei encarando seu rosto que não mantinha nenhuma expressão legível.
- Não Arthur, eu não entendo, eu... Que droga, por que não escutou todas as vezes em que te disse pra ficar longe dessas pessoas? Eu sabia que isso um dia ia acontecer, por isso que eu te pedi. Por que não me escutou? Por que tem que ser tão teimoso? – falou e colocou as mãos na cabeça e vi uma lágrima caindo de seu rosto.
- Rô, me perdoa... Mas, não posso ir. Eu tenho que ir atrás daquela garota, é ela agora que eu quero que faça parte do meu presente e do meu futuro também. – falei limpando a lágrima de seu rosto e segurando sua outra mão.
- Promete que... Se um dia seu juízo voltar, você vai voltar pra gente? Sabe onde nos encontrar. – ela falou sorrindo de lado e eu ri baixo.
- Eu prometo! – falei rindo enquanto retirava minhas mãos de seu rosto.
- Não vai se despedir dos outros? – perguntou apontando pra Helena e Matheus que nos encaravam do vidro do ônibus confusos.
- Diga á eles que eu perdi o juízo de vez, como você mesma disse... Sabe que nunca gostei de despedidas. – falei dando de ombros.
- Vou sentir sua falta, todos vamos. – falou e me puxou me abraçando e eu a abracei de volta.
- Eu também vou mosqueteira. – falei me soltando dela e lhe deu um peteleco no nariz e ela revirou os olhos. De repente ouvimos a buzina nos ônibus, era a hora de ir.
- Vai logo garanhão, sorte lá com a... Lua. – falou rindo.
- Boba. – falei e trocamos um último sorriso e buzina soou novamente e ela se virou entrando no ônibus. Subiu os degraus e entrou na cabine, sentando ao lado de Helena que ainda mantinha seu olhar confuso sobre mim às vezes desviando-os para Rosana com certeza perguntando o que estava acontecendo, acenei pra duas enquanto via a porta de entrada se fechando e o motorista dando partida. Rosana acenou de volta pra mim sorrindo de canto de boca e Helena parecia estática sem dizer nada, os caras estavam atrás e também pareciam não entender nada. Acenei pros dois também que me olharam confusos, mas levantaram as mãos mesmo assim.
O ônibus finalmente se foi, e com ele a família que eu havia tido durante esses cinco anos. Fiquei um tempo parado ali no mesmo local, mas não poderia perder tempo, uma loirinha á quem eu magoei ontem merecia desculpas e confissões.

Dentro do ônibus:

- O que aconteceu com o Thur? Por que ele ficou lá? – Helena se virou pra Rosana sem entender nada.
- Ele perdeu o juízo. – falou a encarando também e a outra mesmo não entendendo nada, se deu por satisfeita e recostou sua cabeça sobre o acolchoado da poltrona entendendo o que acabara de ouvir.

Flasch Back Off

Pov Lua:

Eu e Mel já estávamos perto do endereço que Arthur tinha me dado, a chuva fraca caia dificultando que pudéssemos ver algo além de que as ruas eram mal iluminadas. Então o jeito era a gente encontrar a rua e procurar o local a pé mesmo, de carro estava meio impossível. Depois de uns quinze minutos rodando aquele mesmo lugar encontramos finalmente a rua que estava no papel. Bom, agora era encontrar o tal hotel que estava escrito.
Haviam vários prédios, uns abandonados, outros mal iluminados e outros ruins de se ver.
- Mel, eu vou descer e procurar á pé mesmo, tá muito ruim pra ver. – falei já soltando o cinto do carro.
- Luh, toma cuidado, quer que eu vá com você? – ela falou me olhava com um pouco de medo me fazendo revirar os olhos.
- Não vai acontecer nada tá bom? Olha, eu vou ver se acho o lugar e se eu achar você segue com o carro tá bom? – perguntei enquanto já abria a porta.
- Mas Luh, tá chovendo. – Mel conseguia ser muito irritante às vezes.
- MEL! Eu sei me cuidar tá bom? – falei já irritada.
- Não tá mais aqui quem falou. – falou e sorri de lado e fechei a porta do carro já sentindo as gotas de chuva molhando o casaco que eu usava.
Andei um pouco rápido, olhando os letreiros dos locais tentando encontrar o lugar que Arthur tinha escrito ali. Talvez se o lugar fosse mais iluminado já tivesse encontrado ou talvez, bom a única coisa que sabia era que estava na rua certa, na verdade nunca fui boa em encontrar local nenhum, acabava sempre perdida ou no mínimo, voltava por não ter paciência em esperar, mas dessa vez não iria fazer isso, iria procurar nem que fosse o noite toda. Precisava muito encontrar Arthur e dizer a ele que bom, eu também estava apaixonada por aquele garoto que entrou na minha vida sem pedir licença e roubou meu coração com gestos simples.
Depois de uns cinco minutos procurando aquele bendito hotel, encontrei uma placa que correspondia com que estava escrito no papel, esse que já se encontrava molhado assim como meu cabelo e minhas roupas. Sorte que havia parado um pouco se não estaria ensopada pela chuva.
Sorri até a pequena entrada e sorri confirmando que o local era ali mesmo, fiz sinal para que Mel viesse com o carro até a porta, e enquanto a esperava chegar bati na porta de entrada esperando que alguém me ouvisse.
Cerca de 30 segundos depois vi uma senhora se aproximando da porta que era de vidro e meio que acenei para que abrisse a porta, a mesma adiantou um pouco os passos vendo que eu estava na chuva e logo depois vi Mel chegando ao meu lado, a senhora abriu a porta um pouco confusa com certeza por causa do horário. Acho que já eram 9 horas da noite.
Quando abriu a porta, nos deu passagem para entrar, e eu a agradeci entrando na pequena recepção junto com Mel.
- Boa noite, o que as senhoritas desejam? – perguntou nos encarando sorrindo se dirigindo até a bancada da recepção.
- Bom, estamos procurando uma pessoa que está hospedada aqui, quer dizer eu estou. – falei retribuindo o sorriso pra senhora.
- E de quem se trata? – perguntou ajeitando seus óculos no rosto.
- Bom, o nome dele é Arthur... Arthur Aguiar. – falei me aproximando da bancada para que ela pudesse ouvir.
- Ah sim, o garoto que voltou hoje cedo. – falou e eu confirmei com a cabeça – Bom, o vi saindo á algum tempo e até agora ele não voltou, vão querer esperar? – perguntou me encarando e confirmei com a cabeça.
- Temos umas poltronas ali, se quiserem ir se sentar, estão ao seu dispor. – falou apontando pra umas poltronas pretas que pareciam antigas que estavam em um canto mais afastado do local e agradeci já me dirigindo para o local, mas a ouvir me chamar – Moça? – perguntou e eu me virei.
- Posso lhe arranjar uma toalha? Está molhada, pode pegar um resfriado. – ela falou já se levantando da cadeira onde havia sentando atrás do balcão e lhe agradeci mais uma vez indo sentar nas poltronas, sendo seguida por Mel que sentou na outra ao meu lado.
- Então, não é aqui? – ela perguntou franzindo o cenho.
- É sim, mas ele não tá. – falei e fiz uma careta. Ela deu uma risadinha baixa.
- Onde você acha que ele foi? Está chovendo... E forte. – completou.
- Não sei. – respondi encolhendo meus braços ao sentir uma corrente fria passando por mim.
- Você tá toda molhada, Luh. – falou e colocou a mão sobre meu cabelo constatando que o mesmo estava molhado e olhei para o lado quando vi a senhora voltando com uma toalha em mãos.
- Obrigada! – falei pegando a toalha branca de suas mãos e passei em meu cabelo mesmo sabendo que não iria ajudar muito. Também não me importava, só queria saber onde Arthur tinha se enfiado.


Por Amanda Amorim

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