Cap
20
Na
fazenda dos Cassiano
Pedro entrou bufando, chutando porta,
xingando muito. Sua mãe, Dona Clara e Sophia, estavam na sala e não entenderam
nada da sua atitude.
- Pedro, o que aconteceu?
- Nada e tudo mãe. Aqueles safados dos
Aguiar passaram a perna na gente. O Chay e o babaca do Arthur estão ciscando em
volta da Lua.
- Como assim Pedro?
- O Arthur saiu hoje à noite com a Lua
e o Chay está “namorando” a Mel. Eu sabia que elas sendo da cidade, eram mais
fácies, mas aqueles canalhas caíram matando. Como vamos trazê-las para o nosso
lado, mãe?
Dona Clara ficou pensativa. Sophia só
observava a cena, aguardando a resposta da tia. Já conhecendo a peça, não
esperava nada menos que alguma articulação friamente calculada. Dona Clara não
a decepcionou.
- Meu filho, vamos pelas beiradas.
Vingança é um prato que se come frio. Precisamos saber como andam as
investigações e não podemos deixar que os Aguiar manipulem os fatos a favor
deles. Tenho certeza que eles têm culpa no cartório, e quando isso for provado,
eles perderam o tão estimado prestigio aqui na região. Então enfim, você poderá
assumir o seu lugar de direito. O controle de tudo.
- Como assim pelas beiradas, mãe?
- Vamos primeiro minar esse
relacionamento entre a Melanie e o Chay. Eles são o elo mais fraco. Pedro,
mulheres são solidárias umas com as outras quando não disputam o mesmo homem. A
Lua e a Melanie são forasteiras aqui,
por mais que já tenham conquistado parte da cidade, elas só confiam uma outra.
Logo, quando provarmos que o Chay faz a Melanie sofrer, Lua tomará as suas
dores, estremecendo a aproximação com o Arthur. Para isso conto com você
Sophia. Você tem uma ótima relação com elas. Você vai começar a minar a cabeça
da Mel...
- PODE PARANDO POR AÍ... NÃO VOU
PARTICIPAR DESSE JOGUINHO MESQUINHO E BAIXO DE VOCÊS.
- CLARO QUE VAI SOPHIA! TUDO EM PROL
DA FAMÍLIA E... ALÉM DO MAIS, VOCÊ VIVE AQUI, COM CASA, COMIDA, ROUPA LAVADA.
NADA MAIS JUSTO FAZER ALGO EM TROCA.
- ENTÃO É ASSIM PEDRO??? NÃO SE ESQUEÇA
DE QUE EU TRABALHO E GANHO O MEU SALÁRIO.
- TRABALHA PRA MIM. ENTÃO FAÇA O QUE
ESTOU MANDANDO.
- PRIMEIRO: NAS MINHAS OBRIGAÇOES DE
TRABALHO NÃO CONSTA QUE EU TENHA QUE SER UMA CANALHA. SEGUNDO: PARTE DESSA
FAZENDA É MINHA, AFINAL TEM A PARTE DO MEU PAI NISSO AQUI.
- CARA PRIMINHA A PARTE DO SEU PAPAI,
MEU CARO TIO, JÁ FOI COMPRADA HÁ MUITO TEMPO. VOCÊ NÃO TEM DIREITO A MAIS NADA
AQUI.
- NÃO SEJA POR ISSO. ESTOU INDO EMBORA
AGORA! JÁ QUE PARA A MINHA “QUERIDA” FAMÍLIA EU NÃO PASSO DE UMA PEÇA PARA
MANOBRAS. NÃO FAÇO MAIS PARTE DESSA FAMÍLIA. ESTOU LIVRE PARA SER FELIZ.
Sophia saiu da sala e foi para seu
quarto, sairia daquela casa só com as coisas que havia comprado com o seu
próprio dinheiro, isso inclui suas roupas, objetos pessoais e o carro. Ela
arrumou tudo tão rápido que até se assustou, com isso. Quando saiu do quarto a
tia ainda estava na sala, Pedro andava de um lado para o outro como um leão
enjaulado. Passando pela sala com as malas, nova discussão.
- AONDE VOCÊ PENSA QUE VAI?
- ORA PEDRO, ACHEI QUE TIVESSE SIDO
CLARA. ESTOU INDO EMBORA. E ANTES QUE EU ME ESQUEÇA... ME DEMITO.
- Minha cara sobrinha, pra onde você
vai? Vai viver de que?
- Tia não se preocupe comigo, sei me
virar muito bem, convivi com a senhora durante anos e sobrevivi não foi?
- MENINA DEIXA DE SER INSOLENTE?
- ADEUS...
Sophia saiu com o carro sem destino,
realmente não sabia para onde iria e o que faria da sua vida. Pensou em ligar
para o Micael, ficar na fazenda dos Aguiar. Mas, o namorado estava viajando a
trabalho e ela não cairia lá de mala e cuia. Sabia que se recorresse a alguém
da cidade, sua tia e seu primo iriam intervir de algum jeito. Tinha que ser
alguma pessoa fora dos dominios dos Cassiano. Só restou uma saída: as meninas.
Por Paula Gonçalves
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