Discovering Love - Capitulo 23

Capitulo 23 – O acaso

Definitivamente o acaso estava ao meu favor. Mesmo depois de passado vários dias do dia da conversa com os garotos nenhuma ideia surgiu. Até que em uma das aulas de laboratório de biologia o vento pareceu soprar a meu favor. Literalmente.

Após o professor explicar a atividade ele dividiu a turma em duplas mistas, segundo ele, era pra que houvesse equilíbrio entre todas as atividades que seriam propostas. Pra encurtar toda aquela enrolação, a atividade se daria de tal forma, que cada dia uma dupla utilizaria o laboratório para prosseguir com sua experiência até finalizar cada parte, se tratava de observar o desenvolvimento de células de diversas coisas, em cima disso faríamos um relatório e entregaríamos logo após a observação, cada dupla teria o seu dia certo, já que era pra acompanhar de forma correta, sem alterar os resultados esperados.

Devido à observação e descrição dessas células custar certo tempo, deveria ser feito no turno oposto, no qual encontraríamos o laboratório apenas com um fiscal e com todo o tempo necessário pra sair tudo corretamente.

Minha dupla, como vocês já podem imaginar, foi a Lua, ela não se mostrou revoltada nem feliz. Ficou apenas quieta no seu canto, isso me assustava. Mas bem, nosso relatório ainda demoraria alguns dias, nossa dupla era a sétima a passar por aquele laboratório. E até lá, só me restava ter cuidado pra não piorar as coisas. Lua era muito temperamental, e pra se revoltar com tudo era fácil.

Numa sexta feira era o nosso dia de laboratório. Conversando com os caras mais cedo, tive que desmarcar à tarde de jogos, afinal, não tinha ideia de que horas chegaria em casa. Só então que me toquei que precisava telefonar pra diarista, ou caso contrario ela iria passar o dia me esperando pra almoçar e terminar de arrumar tudo. Passei a mão no bolso e não encontrei meu celular, pra variar deveria ter esquecido em casa. Peguei o telefone de Chay emprestado e liguei. Aproveitei e falei que o pagamento dela se encontrava numa caixinha que eu sempre deixava, e que ao sair ela deixasse a chave na portaria novamente.

Droga, iria passar a tarde toda incomunicável, visto que a aula terminava as 12:40 e que as 13:20 eu já teria que está no laboratório com Lua, ir em casa era perca de tempo. Apenas o tempo de entrar e sair. Ao tocar o ultimo sinal finalmente Lua falou comigo naquele dia.

- Você vai em sua casa, ou vai comer alguma coisa aqui mesmo?

- Vou ficar, ir em casa é perca de tempo. E você? – eu perguntei tentando começar assim um possível diálogo e quebrar todo o clima ali existente.

- Também vou ficar. – ela falava terminando de pegar seus livros e se dirigindo do meu lado pelo corredor até a cantina.

Como sempre tinha alguma turma com aula no turno oposto, ou alguma atividade, a cantina funcionava normalmente no horário de almoço.

- Esse trabalho na sexta acabou com o programa dos outros não é? – ela me perguntava e eu não entendia.

- Programa? Os caras iam lá pra casa jogar vídeo game que eu saiba. – respondi sem entender ainda.

- Pois é, eles tinham chamado a Mel e a Soph. E desmarcaram porque não queriam ir pra sua casa sem você está lá. – ela me explicou com uma carinha um pouco triste.

- Eles tem mania de aparecer de surpresa lá, alguns dias atrás eu dei de cara com a Mel na minha sala e eu tinha acabado de acordar e andava de cueca pela casa, quase morro de vergonha. – comecei a rir – Engraçado que eu não sabia que vocês iriam hoje.

- Só quem iria era Mel e a Soph. – ela falou ainda sem graça.

- Ei, se recusando a ir a minha humilde residência? Pode não ter o luxo que está acostumada, mas é bem agradável viu. – falei levando pra brincadeira, ver se ela sorria um pouco.

- Não é isso, apenas não fui convidada. – ela falava sorrindo de canto, sem muita animação – Os meninos chamaram elas, mas acho que eles não gostam muito de mim, o que é bem normal.

- Como? Eles excluíram você? – eu queria matar aqueles dois.

- Não, eles não me excluíram, apenas não estava no meio da conversa. E sei o quanto sou desagradável na maioria das vezes. – ela falou dando de ombros – Não me incomodo.

- Nada disso, saiba que assim com a Sophia e a Mel, você será sempre bem vinda a minha casa;. – falei já terminando de comer e me levantando – Só me avise antes pra eu vestir uma roupa.

- Ok! – ela respondeu sorrindo e se levantando me acompanhando, faltavam apenas alguns minutos para o nosso horário, tempo suficiente pra caminharmos até o laboratório conversando tranquilamente. Mas aquele velho amigo silêncio insistia em rondar.

Ao chegar ao laboratório, tirei meu casaco e coloquei com minha mochila numa das bancadas livres, juntamente com os livros dela, e seguimos as orientações ali deixadas. A fiscal responsável pelo laboratório estava com jeito de quem perdeu a noite anterior. Dormindo sentada, o que nos rendeu boas risadas a tarde pareceu voar, era incrível que mesmo um trabalho chato fizesse o tempo passar tão de pressa a ponto de não percebermos que já eram quase 18:00.

- Crianças, já que me entregaram o relatório vou indo logo pra sala dos professores, que deve está quase sendo trancada já, pra poder guardar logo o trabalho de vocês. Enquanto isso guarde todas as coisas que utilizaram no local onde encontraram antes. Vou deixar aporta aberta, como está com um problema na fechadura, quando saírem basta puxa-la, ela só abrirá com a chave mesmo. Até segunda feira. – a fiscal falou e foi logo saindo, mania desse povo chamar a agente de criança para o resto da vida.

- Tenho pra mim que ela vai dormir num lugar mais confortável agora. – falei com ironia.

- Nem fale em dormir, tudo que eu quero depois dessa tarde longa é minha cama. – Lua parecia outra pessoa. Às vezes eu acho que teria que fazer um vídeo desses momentos para os caras acreditarem que ela é normal.

- Poxa, minha companhia foi tão chata assim? – falei dando um de ofendido. Teria que conquista-la como amiga, esse seria o caminho.

- Nada disso, a tarde foi ótima, mas ficar o dia inteiro na escola cansa. Se fosse pelo menos jogando vídeo game! – ela falava aquilo sorrindo.

- Você jogando vídeo game? Essa eu pagava pra ver! – falei rindo dela.

- Eeeiii! Eu sou normal tá?! Eu tive infância. – ela falou e de um sorriso surgiu àquela carinha tensa que eu bem conhecia – Apesar de querer esquecer isso às vezes.

- O que você disse? – ela falou muito baixo não tinha certeza do que havia escutado.

- Nada não, esquece isso.

Por Nana F.