Discovering Love - Capitulo 24

Capitulo 24 – Beijo

POV ARTHUR

Como se não bastasse ficar com ela a tarde inteira, o pior, ou melhor, estava por vir.

Começamos arrumando toda a nossa bagunça, entre conversas, risos, e pra falar a verdade nem parecia a gente. Quando estava quase tudo em ordem eu diria que mais uma obra do acaso aconteceu. Um vento forte, vindo sei lá de onde espalhou algumas folhas que tínhamos organizado revirando tudo, e ao abaixarmos pra pegar um barulho alto estrondou o laboratório.

- A PORTA! – eu gritei e ela logo se assustou me olhando com os olhos arregalados.

Corri em direção tentando olhar se havia alguém ainda nos corredores pelos pequenos vidros da porta, mas nada de gente ali. As luzes daquela ala da escola já se encontravam desligadas.

- O quê que tem a porta? – ela perguntou sem se lembrar do que a fiscal falou.

- A fiscal falou que a fechadura está com defeito, que era somente batermos pois... – ela me interrompeu.

- Só abrirá com a chave. – ela começava a se recordar – E agora? O que a gente vai fazer aqui?

- Calma, alguém vai vir fazer a ronda aqui a noite e vai ver que a luz ta ligada. Pelo menos pra desligar a luz alguém vai vir aqui.

- Tem certeza? – a carinha dela era de medo.

- Certeza não, mas tenho fé. Se isso bastar. – falei tentando parecer calmo, mas a ideia de ficar trancado ali com ela me levava da alegria ao medo. Se ela surtasse, como eu iria aguentar aquele mau humor que ela fica uma madrugada inteira.

- Liga pra alguém, um dos meninos talvez.

- Verdade! – comecei a andar até minhas coisas e lembrei – Meu celular tá em casa. Droga!

- Liga do meu, acabou abateria, mas o carregador tá na minha bolsa é só porque eu não tenho pra quem ligar. As meninas esse horário estão no cinema, meus pais viajando. – quando ela acabou de pegar o carregador do celular a luz se apagou – Aaaa!

- Calma! – eu corri e segurei na mão dela – Não precisa ficar com medo, só tem nós dois aqui, provavelmente a ventania provocou uma queda na energia, olhando aqui de dentro a escola toda parece tá no escuro. Já eles resolvem isso.

- Eu... Eu tô com... Medo. – ela falava nervosa.

- Calma, por favor! – eu parei de frente pra ela, a única claridade que se via era uma droga de lâmpada de emergência que estava tão fraca que provavelmente se descarregaria rápido.

- Tá bom! – ela concordou, mas apertou ainda mais a minha mão.

- Se essa porta fosse mais frágil eu tentaria arrombar. Mas isso mais parece uma porta de uma detenção. – falei tentando fazer graça e andando em direção a porta quase me soltando dela.

- Fica aqui! Não me solta não?! – ela tremia, mais um pouco daquele jeito e ela começaria a chorar.

- Lua, por favor, fica calma. Eu não vou te deixar aqui. – falei encarando e pude ver os seus olhos lacrimejarem – A gente vai dar um jeito.

Sem ao menos esperar ela me abraçou. Meu Deus! Tanto que eu esperei por essas atitudes involuntárias dela, não podia ser em situação diferente não? Aproveitar da fragilidade dela era injusto. Eu correspondi o abraço, afinal não sou nenhum besta, e involuntariamente dei um beijo no alto da sua cabeça. O perfume daqueles cabelos me deixava maluco, se eu pudesse não largaria jamais. Começou uma forte chuva, e o frio se acentuava naquele lugar mesmo fechado.

- Ta com frio?

- Um pouco. - ela falou saindo do abraço.

Andei segurando a mão dela até onde estava minha mochila e meu casaco, o qual eu peguei e entreguei a ela.

- Veste, vai esquentar um pouco.

- E você? – ela recusou de inicio.

- Eu tô bem assim. – na verdade eu queria mesmo era me esquentar com ela, mas não era possível.

As horas passaram, nada de luz, de vigilante, de celular, nada! Ao verificar que já eram mais de meia noite, cheguei a conclusão que ninguém iria aparecer mais por ali. Peguei minha mochila joguei em um canto do chão, aquilo me renderia um excelente travesseiro.

- O que tá fazendo? - ela se levantou da bancada vindo atrás de mim.

- Improvisando uma cama. – ao me virar pra responder dei conta de o quão próximo nós estávamos.

- Fica do meu lado? – ela falou me abraçando novamente. Eu não ia conseguir resistir.

Ela segurava em meu pescoço, seu corpo tremia de medo e eu pude a sentir soluçar um pouco.

- Tá chorando? – virei o rosto dela pra mim, droga, isso de novo não. Olho no olho, olho nos lábios, próximos demais, dessa vez ninguém pra interromper, rolou.

Nossos lábios se selaram, a boca dela se abriu logo quando a minha língua pediu passagem, foi um beijo calmo, com um sentimento diferente. Com nenhuma das minhas namoradas senti isso. Nossas línguas bailavam em total sincronia. Era como se não quiséssemos acabar com aquele momento nunca, mas a necessidade de respirar falou mais alto. Separamos com selinhos e quando eu pensei em pedir desculpas ela colocou um dos dedos sobre minha boca e falou primeiro.

- Não fala nada! Não foi culpa de ninguém.

Eu apenas a abracei mais forte.

- Vamos deitar um pouco, sei que o chão não é nada confortável, mas esses bancos tão me acabando. – eu falei sorrindo e ela me acompanhou.

Quando eu deitei parecia que ia me congelar naquele chão frio, mas eu não pediria meu casaco de volta. Ela se aproximou e deitou do meu lado, ainda com certa distancia. E ficou inquieta como se procurasse uma posição.

- Vem cá, deita aqui perto, eu juro que não faço nada com você. – falei brincando, mas indicando um fundo de verdade, nunca se sabe o que passa naquela cabecinha.

Ela se aproximou, mas ao se encostar viu o quanto ali estava frio, se levantou novamente tirando meu casaco.

- Toma, veste você.

- Nada disso, você está com frio, fica com ele.

- Arthur, você tá gelado, não adianta falar que não tá com frio que não cola. Veste logo esse casaco que eu sei o que to fazendo. – ela falava com certa autoridade.

- Sim senhora! Quem sou eu pra desacatar uma ordem sua. – falei com ironia e ela riu.

Vesti e ao deitar tive uma surpresa. Ela se aproximou afastando um braço meu do meu corpo e abrindo uma parte do casaco se deitou colada em mim, com a cabeça no meu peito. O que me levou a involuntariamente abraça-la.

- Viu?!  Assim nenhum dos dois sente frio. – ela falava se explicando.

- Sim garota inteligente. Agora tenta descansar vai.

E ali uma mistura de felicidade e medo se instalou.

Por Nana F.