Discovering Love - Capitulo 34

Capitulo 34 – O Segredo

POV LUA

- Sensação melhor do mundo. Era isso que se passava por mim, mas aquele sentimento feliz logo acabou...

... Com apenas 4 anos de idade, meu sonho era um irmão. Minha mãe não poderia ter mais filhos devido a uma complicação na minha gestação, meu pai segundo ele não suportaria mais o choro de um bebê por noites seguidas. E foi dai que surgiu a ideia deles, de adotar um garoto, não uma criança pequena, mas um menino provavelmente mais velho que eu, e que ainda sim seria o meu irmão.

Foi dai que Fabio foi adotado. Binho, e era assim que eu o chamava. No começo meu herói, mas que com o passar do tempo se tornou meu pior pesadelo. Eu ia completar 6 anos quando essa fase pesadelo começou. Ele que foi adotado com 10, já iria fazer 12. Eu que sempre tive a total atenção e carinho dos meus pais, comecei a perceber que tinha que dividir isso, até ai tudo bem. O difícil era ter que aturar as provocações dele.

Toda vez em que ele recebia um elogio e eu não, ele me provocava, fazia de tudo pra que eu brigasse com ele e os meus pais me colocassem de castigo ou me recriminasse. E ele sempre conseguia isso. Ele virou o centro das atenções de casa. Meus tios naquela época não moravam na cidade, minha família se resumia a apenas meus pais, eu e o Binho. E foi ai que comecei a ter mais carinho dos empregados que aqui trabalhavam do que dos meus próprios pais.

Ele me ameaçava e me obrigava a brigar com meus pais, a desistir dos passeios em família, e eu sempre ficava em casa sozinha por isso... Isso durou anos, nessa época eu tinha uns 9 anos já, e minha babá era a única pessoa que eu podia confiar. Mesmo me mostrando revoltada com meus pais, ela nunca me tratou mal, nunca me deu uma bronca que fosse. Eu sempre achei que ela soubesse das ameaças, das surras que Binho me dava e por isso me tratava bem, mas ela diz que não. Que de forma alguma ela permitiria que isso acontecesse comigo até o ponto que chegou, sem contar aos meus pais. Ela disse apenas que sentia que era algo estranho, pois sempre fui um doce de criança e que a mudança foi repentina.

Com quase 10 anos descobrir no quarto dele um pacotinho, estranho pra mim na época, hoje sei que era droga. E nesse dia ele me encontrou no quarto mexendo nas suas coisas. Meus pais estavam viajando a negócios. Binho e aqueles amigos estranhos dele estavam aqui em casa, e isso só me fez ter mais medo do que poderia acontecer. A briga foi feia, ele me bateu muito na frente de todo mundo. Ele era tão cruel, que procurava me atingir apenas em lugares que não ficariam marcas a mostra, evitando assim que alguém descobrisse. E após cada surra ele me ameaçava mais. Nesse dia ele só não me matou porque ouviu barulho dos empregados em casa, mas ele estava transtornado. Provavelmente tinha usado alguma coisa, ele já andava assim constantemente. Meus pais é que eram cegos. Pra eles, era o filho que pediu a Deus, o comportado, educado, o inteligente, o exemplo. Enquanto eu era a mimada, birrenta e rebelde.

Logo após minha festa de 10 anos, meus pais tiveram que se ausentar do país por alguns dias, não sabíamos ao certo quanto tempo seria. Até pra casa da babá eu queria ir durante os dias de folga dela por medo. Mas ninguém me entendia, o que só me revoltava mais.

Em uma noite de folga da babá ele saiu com os amigos, o que me deixava aliviada. Afinal era só me trancar no quarto e aguardar o outro dia chegar. Mas era cedo ainda quando eu resolvi ir beber agua. Estava com uma simples camisola e um sapinho de pelúcia que eu sempre carregava quando ia dormir quando atravessei a sala pra chegar à cozinha. Ouvi um estrondo na sala e ao invés de ficar quieta num canto da cozinha resolvi correr para o meu quarto com medo, na ingenuidade de que iria ser rápida o suficiente ao passar pela sala sem ser percebida.

Quando coloquei o primeiro pé na escada fui puxada pelos cabelos. Aquele monstro me agarrou me colocando entre a mesa da sala de jantar e o corpo dele. Ele começou falando coisas estranhas e beijando meu rosto. Achei estranho aquilo tudo. Não fazia ideia do que ele queria fazer, só sei que beijo e abraço não eram o normal pra ele, pelo menos não sem meus pais por perto.

Ele começou a apertar meu corpo com as mãos e aquilo me machucava. Comecei a chorar e ele me bateu no rosto. Pela primeira vez ele deixaria uma marca visível em mim. Eu logo me calei com medo. Ele então colocou a mão por baixo da minha camisola e puxava minha calcinha. Só ai que eu descobrir que o carinho dele naqueles beijos tinha outra intensão, ao aproximar a boca da minha eu desviei meu rosto e ele me bateu novamente. Cai no chão e conseguir correr até próximo ao sofá. Era o local perfeito pra ele fazer o que queria...

- PARA LU! – Chay gritou vendo que eu já me acabava de chorar – Não precisa mais falar nada.

- Por incrível que pareça me sinto melhor depois de te contar. – ele sentava ao meu lado e me olhava assustado.

- Posso te dar um abraço? – ele perguntou e eu mergulhei nos braços dele.

- Desculpa por fazer vocês pagarem por meus problemas. Você, o Mica, muito menos o Arthur tem culpa de nada disso. – eu ainda chorava e ele me apertou ainda mais em seus braços. Era um irmão assim que eu queria ter tido, foi o sentimento que passou na minha cabeça e me fez dar um sorriso sem graça.

- Só responde se quiser... Aonde tá esse cara hoje? – ele liberava o abraço e me encarava.

- Terminando por alto, essa historia, ele não conseguiu concluir o ato. Meus pais chegaram e o pegaram no flagra. Meu choque quando ele começou a deitar por cima de mim foi grande que eu apaguei, desmaiei mesmo. – dessa vez eu já contava o desfecho já mais calma - Eu apaguei, ele continuou se aproveitando, e segundo minha mãe quando ela entrou ele estava tirando a cueca, por isso a certeza de que ele não fez muita coisa. As marcas de mordida e chupões pelo meu corpo eram visíveis. Mas meus pais, a fim de, abafar um escândalo pras empresas, e uma vida de fofocas pra mim, me encaminharam pra médicos da família, nesse caso o pai da Mel era um deles. Tive acompanhamento de psicólogos por muito tempo, mas apenas conseguia demonstrar raiva pelos outros, nunca conseguir me abrir com ninguém, apenas com as meninas. Quanto a ele, no auge dos seus 16 anos de pura droga, foi internado numa clinica fora do país. Meus pais queriam evitar escândalos a todo preço. Quando ele voltou pra casa quase dois anos depois, eu tinha praticamente seguranças andando comigo por toda casa. Era uma quase adolescente de 12 anos revoltada. Ele não demorou a encontrar com os amigos novamente, e o vicio falou mais alto. Meus pais como não forneciam mais dinheiro pra bancar o vicio, ele começou a se envolver com coisas erradas, foi internado novamente dessa vez aqui na cidade, e numa tentativa de fuga foi morto numa troca de tiros com a polícia numa boca de fumo...

... Meus pais ficaram arrasados, não era o futuro grandioso que eles esperavam para o filho adorado. Eu na verdade me sentir aliviada. Sabia que somente assim aquele monstro não voltaria a me atormentar.

- Sim, e aquela revolta toda sua, as armações que você fazia com os novatos, era por isso? – Chay perguntou.

- Era sim. Segundo minha psicóloga, eu procurava a forma de me vingar de qualquer pessoa que aparentava ter as características de Binho. Seja estudioso, bonito, ou simplesmente uma nova pessoa pra chamar atenção no meu lugar. – eu falei achando graça, Arthur era exatamente assim.

- Por isso quase me matou afogado um dia, derrubou lixo no Arthur... – ele falava sorrindo, e eu ficava séria me envergonhando de ter feito isso com alguém que hoje me ajudava tanto.

- Você foi por ser o garoto descolado da turma que se destacava mais que eu. Arthur foi por ser o estudioso. – eu falei de cabeça baixa – Eu dava as ideias de quem me vingar e as meninas e Ricardo me apoiavam sempre executando tudo. Aquilo me deixava bem até eu chegar em casa e por minha cabeça no travesseiro e lembrar de tudo.

- Esquece isso agora. – ele levantava meu rosto assim como Arthur sempre fazia, mas por ele era um sentimento de amigo que surgia.

- Era um irmão assim que eu queria. – falei apontando pra ele, e ele me abraçou me levando as lagrimas novamente.

- Agora eu começo a te entender. Mas ainda tenho uma duvida. – ele se separou e voltou a me encarar – Por que esse relacionamento louco com Arthur hoje em dia?

- Medo. Primeiro foi medo de gostar, medo de sentir algo. Hoje é medo de me envolver, medo dele saber de tudo e ficar comigo por pena. – eu falei quase engasgando – Quando namorei Ricardo eu não tinha isso, talvez por não gostar dele, por ser só uma coisa boba, e saber que nunca me envolveria o bastante.

- Lu, eu não quero me meter mais nisso, mas posso te garantir. Se o Thur ficar com você não vai ser por pena. Ele é apaixonado por você desde aquele beijo do deposito. – ele falava se levantando – Vocês merecem se dar uma chance.

- Eu tô tentando.

- Bom, vou indo. Tem um Aguiar louco de vontade de me matar solto por ai.

- Como assim? – perguntei sem entender e acompanhando ele até a porta.

- Digamos que ele não queria que eu te pressionasse. – ele me explicou – Mas eu não aguentava mais isso, agora eu te entendo.

- Não fala nada pra ele! – eu pedi com cara de cachorro que caiu da mudança.

- Pode deixar! Quem vai fazer isso é você, no seu tempo. – ele sorria me confortando – Só não perde tanto tempo.

E foi assim que dei mais um passo na minha triste vida. Sentia aliviada por ter contado, mas ainda faltava coragem de falar com Arthur.

Por Nana F.