Rediscovering Love - Capitulo 29

Capitulo 29 – Decisão

POV LUA

O que eu não contava era acordar no dia seguinte com um Arthur meio perturbado me encarando.

- Bom dia. – falei me enrolando no lençol, a situação estava realmente desagradável.

- Bom dia! – ele foi frio.

Pra mim era o bastante, ficar com ele me tratando daquela forma era o fim pra mim. Me levantei enrolada no lençol e andei em direção a porta, parando apenas pra catar algumas coisas minhas ali espalhadas.

- Lua, sobre o que aconteceu aqui nessa noite, a gente... Nós precisamos conversar. – ele falava incomodado.

- Não estraga tudo Arthur. É melhor a gente deixar como está. – ele passava as mãos pelo rosto como se não acreditasse no que aconteceu. Sou tão repugnante assim?

Rumei em direção ao outro quarto, me enfiei embaixo do chuveiro, com a finalidade de conseguir me livrar de tudo aquilo. Eu quis, eu fiz, não me arrependo por nada. Mas eu acreditava que acordaríamos num clima diferente. “BURRA LUA. VOCÊ É UMA BURRA!” Que clima diferente poderia haver depois de uma noite de sexo selvagem com um bêbado? O pior, bêbado esse que morre de raiva por você ter escondido o precioso filho dele.

Sair do quarto e ouvir aquele telefonema que ele se encontrava foi o ponto que faltava pra que eu tomasse a atitude mais maluca da minha vida.

“Claro que eu estou com saudade... Sinto sim, muita falta... Eu te ligo pouco pela diferença de horário... Deixa de besteira eu não te esqueci, não fala assim... Também te amo... Vem logo, tem alguém aqui que quero que conheça... Amo, amo muito... Beijo.”

Sério que ele falava com alguma piriguete inglesa na minha cara? Depois da noite que tivemos? Não responderia pelos meus atos se passasse se quer mais cinco minutos sobre o mesmo teto que ele. Fui atrás dos meus pais. Alguma coisa eles teriam que fazer por mim. Eu não seria a burra de dois anos atrás que acatou sair de casa e abrir mão de tudo. Eu iria atrás do que de fato era meu.

POV ARTHUR

Aquele show, o idiota do ex dela, muita bebida... Que merda eu fiz? Recordo de ter entrado no taxi com Lua pra voltar pra casa e apagado. Lembro também de ter dado bastante trabalho pra entrar em casa. Mas tudo eram apenas flashes na minha memoria. Recordo do beijo, embaixo do chuveiro, o sabor daqueles beijos eram de fato inesquecíveis. Não era pra ter rolado assim, precisávamos conversar antes. Saber o que cada um realmente queria. Mas não, minha loucura, o teor alcoólico elevado no meu sangue, e o desejo que eu sentia por ela, falaram mais alto. Gritaram pra ser mais sincero!

Foi uma noite inesquecível. Fizemos amor com uma intensidade que deixava claro a necessidade que um tinha do outro, a falta que nossos corpos sentiram um do outro, a paixão que ali existia era visível. E a única coisa que eu pude ter certeza é que eu era dela, e ela só poderia ser minha.

Adormecemos juntinhos, aquele perfume me fez viajar. Mas a claridade no quarto e minha cabeça latejando me fez acordar assustado sem me lembrar nem onde estava. Tudo foi vindo na minha cabeça aos poucos. Inclusive o medo.

Eu não fazia ideia do que ela tinha conversado com aquele tal de Victor, não fazia ideia do que ela achou daquela noite, muito menos do que ela queria daqui pra frente. O jeito agora era esperar ela acordar e ver a reação dela.

Ela acordou logo se cobrindo com o lençol e acabando com minha visão privilegiada. Respondi o bom dia pra ver se ela manifestava algum sorriso, em vão! Ela parecia assustada. Tentei falar, mas acho que agir como um adolescente de 15 anos após sua primeira vez.

- Lua, sobre o que aconteceu aqui nessa noite, a gente... Nós precisamos conversar. – minha voz quase não saia, eu estava nervoso bem mais que o normal.

- Não estraga tudo Arthur. É melhor a gente deixar como está. – PARA TUDO! Sério que ela queria deixar tudo como estava e esquecer essa noite maravilhosa que tivemos?

Eu apenas esfreguei as mãos no meu rosto. Minha vontade era que em algum momento eu de fato acordasse e veria que tudo aquilo era um pesadelo. Ela catou algumas roupas do meu quarto e seguiu para o quarto dela, e pelo barulho, tomava banho.

Resolvi telefonar pra minha mãe. Era minha única salvação! Contei a respeito de Lua, falei que estava tentando me acertar com ela novamente, mas que algumas coisas haviam mudado. Iria falar sobre o meu filho, mas quando ela disse que pensava em vi me visitar no Brasil, resolvi que deixaria isso como surpresa.

Ela reclamou que eu não sentia a falta dela, que havia esquecido. Drama de mãe. Segundo ela agora eu só pensava em meus amigos e em Lua. Não sabendo ela que tem mais um integrante importantíssimo nisso tudo, o Rafa.

Logo avistei Lua saindo do quarto e entrando na cozinha, terminei a ligação e estava disposto a falar com ela. Mas o que vi foi uma Lua furiosa pegando apenas as chaves de casa e o celular e abrindo a porta.

- Preciso resolver algumas coisas. Bela deve está chegando com o Rafa. – o olhar dela era assassino – Não devo demorar muito.

Se eu tive oportunidade de abrir minha boca? Claro que não.

Após Rafael chegar, esperei Lua mais um pouco e nada! Resolvi sair com meu filho até a pracinha, ele estava agitado e ficar trancado naquele apartamento não ajudava muito. Não demoramos muito, ainda estava bem claro quando cheguei em casa e a cena que eu vi não foi a mais agradável.

Lua andava apressadamente pela casa, catando varias coisas e aquilo foi me dando um aperto no peito. O rosto de quem havia chorado me deixava preocupado, mas bastava eu tentar me aproximar que ela saia de um lugar pra outro.

Ao vê-la pegando as coisas de Rafael eu não me segurei e perguntei:

- Aonde você vai com meu filho?

- Nosso filho! – ela respondeu mais fria que uma pedra de gelo – Vou voltar pra casa dos meus pais.

- Como?

- Eu conversei com minha mãe hoje Arthur. Ela quer conhecer o Rafa e disse que eu poderia voltar pra casa. – ela fez uma pausa suspirando e fechando os olhos – Acho que tá na hora de tentar corrigir todas as minhas burradas.

- Você vai tirar meu filho de mim mais uma vez?

- Que droga Arthur! Para de falar que eu tirei ele de você. Será que saber que eu sofri, que fiz meu filho sofrer, meus amigos sofrerem... Que fiz você sofrer não é castigo bastante? – ela chorava e tudo que eu não queria era aquilo, vê-la triste.

- Desculpa Lua, mas eu não te entendo. Acho que na verdade eu nunca te entendi. – ainda bem Rafa dormia no outro quarto, não queria que ele presenciasse a discussão.

- É Arthur, ninguém nunca me entende. Acho que nem eu mesma, sabe? – ela era irônica – Fui uma criança revoltada, uma adolescente problemática, uma mãe precoce... Não acho que posso esperar muito do meu futuro.

- Não tô falando disso Lua. Você teve seus motivos pra sempre ter seus medos há algum tempo atrás, e isso eu entendi. Só não acho que você deva carregar isso para o resto da sua vida.

- Do que você tá falando Arthur?

- Sei lá Lua! Você tá se comportando hoje como fazia dois anos atrás, em que a gente se beijava e você sumia no outro dia, você fingia que nada tinha acontecido fugindo de tudo. – eu exaltei – Só que o que você esquece, é que não tem mais 16, 17 anos, um segredo que escondia de todos, e não quer enxergar que as coisas mudaram.

- Para Arthur! – ela pedia chorando – Eu não quero mais discutir com você. Se eu estou deixando essa casa hoje, é pra tentar preservar pelo menos uma amizade e respeito entre nós dois. Não quero meu filho crescendo nessa confusão toda.

- Então é isso, pra você nós dois somos só uma confusão?

- Não interpreta assim Arthur. Vamos afastar um pouco, colocar a cabeça no lugar, ver o que a gente realmente quer. – ela se acalmava aos poucos – De forma alguma eu vou afastar o Rafa de você, ele é seu filho, vai poder vê-lo quando quiser.

- Eu não acho que há necessidade disso Lu, mas se você pensa assim eu tenho que respeitar. Eu só não consigo mais enxergar essa casa sem o Rafa pra lá e pra cá, correndo, me acordando, conversando do jeito que só ele entende. – foi inevitável uma lagrima.

- Eu sei. Mas vamos nos dar esse tempo antes que a gente se machuque mais e acabamos com o que ainda existe aqui. – ela falou baixinho, se aproximando de mim e pousando sua mão em meu peito.

Minha reação foi apenas abraça-la. Ela tinha até um pouco de razão. Foi precipitado morarmos juntos sem resolvermos nossos problemas. Não era uma noite inesquecível que apagaria um passado.

Por Nana F