Por um Acaso - Capitulo 17

Capítulo 17

Pov Arthur:

- Thur? – ouvi a voz de alguém que eu não esperava naquele momento.

- O que está fazendo aqui Helena? Como me encontrou? – falei seco olhando pra ela que sorriu pra mim.

- Thur, eu... Segui você, sabia que iria precisar da minha ajuda. - veio andando em minha direção, chegando perto de mim.

- Não, eu não preciso, alias, eu não preciso de ninguém. – falei me afastando dela.

- Thur, esta vendo, eu te avisei que ela iria fazer isso com você. E olha o que aconteceu.

- Você viu? – falei sentando na calçada e ela sentou ao meu lado.

- Na verdade sim Thur. Viu como ela foi insensível? Não quis saber o que era importante pra você, não deu a mínima e era isso que eu temia. Você não sente nada por ela não é? – ela franziu o cenho, era isso que ela queria, me deixar mais confuso do que eu já estava.

- Não interessa Helena, me deixe em paz. – coloquei as mãos na cabeça nervoso.

- Tudo bem, tudo bem! Vamos voltar pro hotel, arrumar nossas malas porque amanhã o mundo nos espera. – ela me deu um beijo no canto da boca e se levantou sorrindo pra mim estendendo sua mão, não fiz nenhuma menção de levantar ou fazer qualquer coisa.

- Vamos Thur. – estendeu mais uma vez sua mão e eu coloquei a minha sobre a dela me levantando a fazendo sorrir.

- Vamos. – eu disse simplesmente e ela me abraçou pelos ombros. Então começamos a caminhar. 

Pov Lua:

De manhã acordei me sentindo lixo, uma dor de cabeça infernal não me deixava pensar direito e ao ir ao banheiro pra fazer minha higiene matinal me assustei com meu próprio rosto. Estava inchado e possuía olheiras horríveis, como a de uma pessoa que havia chorado a noite toda e não tinha pregado o olho, mas pera ai, foi isso que aconteceu comigo. Deixe de ser lerda Lua!

Estava tentando afastar esses pensamentos da minha cabeça, o que eu posso fazer se tenho dedo podre não é? Melhor me arrumar para o trabalho, dizem que muito trabalho é a peça chave pra esquecer os problemas. Vamos ver se dá certo mesmo.

Agora já estava arrumada e devidamente fardada pro trabalho, o qual eu não estava nem um pouquinho com vontade de ir, mas como eu tenho que me sustentar não me resta outra escolha. Passei lápis de olho, base, sombra, nada resolvia meu rosto péssimo e cada vez que me olhava no espelho de novo só tinha mais vontade de chorar. No fim, decidi sair daquele jeito mesmo.

Fui andando até o hospital, quem sabe eu encontro uma pessoa que realmente me dê valor. O caminho até lá parecia mais longo do que de costume ou talvez fosse o jeito que eu estava andando, mais parecendo uma morta-viva. Quando entrei no primeiro saguão já pude perceber o olhar estranho de Mel sobre mim. Ela ainda não sabia de nada. Droga!

- Hey Lua o que você tem? Parece que foi atropelada. – ela falou levantando a minha auto-estima, só que não.

- Mel você pode vir na minha sala? – perguntei já sentindo meus olhos embargarem.

- Luh, o que você tem hein? Foi alguma coisa com o Arthur? – ela perguntou e eu assenti lhe abraçando, estava precisando de um colo.

- Vamos fazer assim, quando o movimento aqui diminuir, eu dou uma passada na sua sala e você me conta o que aconteceu tá bom? – ela levantou minha cabeça para me encarar.

- Sim. – foi a única coisa que eu falei.

...

- Luh? – ouvi a voz de Mel quando ela colocou a cabeça dentro do escritório enquanto eu estava arrumando os plantões dos últimos dias, ou melhor, tentando.

- Entra. – falei com a voz baixa vendo-a entrar e fechar a porta atrás de si, vindo até mim e se sentando ao meu lado em umas das cadeiras que tinham ali.

- Então Luh, o que houve entre você e o Arthur? – ela perguntou passando a mão pelo meu cabelo enquanto eu enfiava todos aqueles papeis dentro da gavetinha da mesa.

- Mel ele... Ele vai embora, hoje e... Você acredita que ele teve a cara de pau de me falar isso assim de uma hora pra outra. – falei já querendo chorar de novo.

- Luh, eu nem sei o que te dizer. O que você tá sentindo? – ela perguntou em um tom preocupado.

- Me sinto um lixo de novo, como daquela vez em que te contei. – falei colocando minhas mãos em meu rosto fugando.

- Lua, eu posso te fazer uma pergunta e você me responder com toda sinceridade? – ela perguntou e eu assenti ainda um pouco contrariada.

- Lua você está apaixonada por esse garoto? – eu não sabia o que responder, eu estava apaixonada pelo Arthur?

- Mel, eu... Eu não sei te responder isso, tá tudo tão confuso, a gente estava bem, e do nada ele só me fala que vai embora como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo.

- Luh, vai ver pra ele foi uma coisa natural. Olha você mesma sabia que isso ia acontecer, afinal ele nem mora aqui nem em lugar nenhum. – ela falou dando de ombros.

- Mel você não está me ajudando em nada. – falei e senti uma lágrima rolando por meu rosto.

- Luh, eu só estou te falando a verdade. Olha, você vai ver. Isso vai passar e você ainda vai encontrar uma pessoa que goste de verdade de você. – ela falou e eu balancei minha cabeça em negação.

- Então você acha que ele só me usou? Quero dizer pra se divertir enquanto estava aqui? – perguntou virando meu rosto pra ela.

- Não, não Luh. Você tem que deixar de ser tão pessimista. – revirei meus olhos, era melhor ter ficado calada. Mel não estava ajudando em nada.

- Mel, eu quero ficar um pouco sozinha, pode fazer um favor pra mim? Quando algum paciente chegar, me avisa antes.

- Tudo bem Luh, eu só quero que você fique bem. Tô indo. – falou se levantando e suspirou enquanto abria a porta, deu uma ultima olhada em mim e finalmente saiu me deixando sozinha.

Pov Arthur:

- Cara, você não vem? A van já tá ai fora. – Matheus colocou a cabeça dentro do quarto vendo que eu ainda estava sentado na cama sem camisa.

- Já vou, só vou colocar a camisa e to descendo. – falei já pegando a mesma que estava do lado e vestindo rápido. Caminhei até minha mochila que estava encostada na parede e a coloquei nas costas já virando pra sair do quarto. Matheus ainda continuava no mesmo lugar.

- E a carioquinha como fica? – ele perguntou risonho, mas logo engoliu o sorriso quando o lancei um olhar mortal. Passei a noite pensando na Lua, não era justo ele falar sobre ela agora.

- Esquece ela. - falei simplesmente e passei por ele já descendo as escadas. Cheguei lá embaixo e pude ver Rosana e Helena acertando as contas com a dona do hotel.

- Thur, pensei que não ia sair mais daquele quarto. – Helena veio até mim sorrindo e Rosana ficou parada no mesmo lugar me encarando como se soubesse o que se passava em minha mente.

- Estava terminando de me arrumar. – falei sem nenhum humor.

- Então, vamos Thur? – Helena perguntou me olhando, enquanto vi Matheus descendo as escadas e passando por nós. Não falei nada só andei até fora do hotel antes me despedindo rapidamente da dona do Hotel, a dona da bicicleta também.

Fui pra fora do hotel e vi todos os meus amigos passando por mim e entrando na van.

- Vem cara, a gente ainda tem que chegar na rodoviária pra pegar o ônibus pra Floripa. – Thiago falou impaciente de dentro da Van.

- Tudo bem. – falei entrando na van e me sentei nos fundos tirando a mochila das costas á colocando no banco ao meu lado. Preferi sentar longe de todo mundo, não estava a fim de papo.

...

- Bom, agora é só esperar o ônibus chegar e patiu Floripa. - Matheus falou levantando os braços pra cima fazendo todos eles dizerem "Ehh" menos eu.

- Floripa deve ser muito maneiro, vamos explorar muito aquelas cachoeiras não é Thur?... Thur? Arthur? – Helena berrou em meu ouvido me fazendo despertar do meu transe.

- O que? – perguntou confuso enquanto ia me sentar em um dos bancos pra esperar o ônibus, ou não... Minha cabeça estava confusa "Por que não pode? Tem alguém colocando uma corda no seu pescoço se você não for?" as palavras de Lua ecoavam em minha cabeça e eu tentava esquecer tudo aquilo. Tudo aquilo que tinha passado com ela.

- Nada... – ela respondeu seca se sentando ao meu lado emburrada vendo que eu estava com a cabeça em outro mundo.

30 minutos depois:

Vi o ônibus chegando e todas aquelas pessoas que iriam embarcar se aglomerando pra receber o mesmo. Quando parou pude ver as outras pessoas descendo, todas com cara de exaustas e com certeza com fome, afinal, comer muito em uma viagem longa não é uma boa ideia, pude ver famílias, casais, e mais famílias saindo de dentro do ônibus. Olhei para os meus amigos que pareciam ansiosos pra sair daquele lugar.

Era aquilo mesmo que eu queria para o resto da minha vida? Viver viajando sem ter parada, não ter um lugar fixo e não poder dizer um "eu te amo" á alguém? Disso tudo a única coisa que me veio á cabeça foi a Lua. A garota acabou comigo de um jeito que eu não sabia mais o que eu queria pra mim mesmo. Como eu pude me deixar apaixonar por ela?

Espera, eu disse apaixonar... Como assim apaixonado? Você só pode está brincando Arthur... De repente vi as pessoas que esperavam o ônibus entrando, nisso meus amigos também levantaram se dirigindo á entrada do mesmo. Me levantei também, mas continuava parado como se não conseguisse sair do lugar.

- Anda Thur, vamos. – Rosana se virou pra trás vendo que eu estava no mesmo lugar e boa parte das pessoas já haviam entrado e se acomodaram como puderam.

- Já vou. – comecei a andar em direção á entrada, minha cabeça estava e uma guerra.

- Thur, você não vem? – Rosana já subia alguns degraus do ônibus e eu estava parado em frente á entrada do mesmo. 

- Rô... Eu...

Por Amanda Amorim