Ferro e Gelo - Capitulo 25

Cap 25

Na delegacia

Mel e Lua falavam sobre a conversa com Pedro.

- Então Lua? O tal do Zé Lima ainda é funcionário dos Cassiano?

- Pelo que o Pedro disse é sim, Mel. Pedro já havia conversado com ele sobre o retorno, mas o Zé falou que estava com uns problemas com a carga que Pedro havia mandado entregar, que retornaria dali uma semana. Como ele é de confiança, Pedro não esquentou a cabeça. Além do mais, ele está mais interessado em ferrar o Arthur de qualquer jeito. Me pareceu até meio desligado dos negócios. Vamos aguardar o interrogatório amanhã, a polícia da cidade vizinha vai trazê-lo. Isso eu não contei para o Pedro.

- Vamos ver as reações de cada pessoa, depois do aparecimento do Zé Lima.

- Você acha que ele sabotou a sela da Sophia?

- Acho não, tenho certeza.  O problema é provar isso! Temos que achar a ferramenta que ele usou para poir as correias da sela e mandar para a perícia. Já pedi um mandato para revistar as duas casas dele e os estábulos dos Cassiano.

- Acho que a Dona Clara não vai gostar muito, Lua?

- Pouco me interessa. A lei nessa cidade somos nós.

Nisso, Arthur chegou pegando a conversa no meio.

- Oi, Lua, desculpa. Mas eu ouvi... O Zé Lima vai depor? Por quê? Ele sabotou o cavalo da Sophia...

- Arthur, como você chega assim?  Isso é uma conversa oficial.

- Lua, eu estou tão interessado no caso quanto o Cassiano. O que está acontecendo? O que o Zé Lima tem haver com o assassinato? O acidente da Sophia tem alguma coisa relacionada...

- Arthur se controla! Você não é detetive ou da polícia, detalhes da investigação serão passados à medida que seja necessário.

- ENTÃO POR QUE O CASSIANO ESTAVA AQUI?

- Porque era necessário!

- ELE É DOIDO. ELE E A  MÃE DELE ESTÃO QUERENDO ME DESTRUIR ATRAVÉS DE VOCÊ. VIU O QUE ELES FIZERAM COM A SOPHIA! ELE PERTO, VOCÊ ESTÁ CORRENDO PERIGO. DEIXA ELE LONGE! ELE PODE TE FAZER ALGUM MAL.

Lua ficou revoltada, quem era ele para falar que ela corria perigo. Lua era uma policial competente, sabia se defender muito bem. O Pedro era só mais um na sua longa lista de perigos já enfrentados e que ainda enfrentaria, por opção sua. Lua olhava para Arthur e via um machão, querendo se impôr sobre uma mulher fraca. Isso ela não admitiria. Pegou o revólver do coldre e colocou sob a mesa com tanta força que parecia que havia tirado o Arthur de um transe, pois o homem a sua frente, antes tão seguro, se assustou.

- ARTHUR AGUIAR EU SEI ME DEFENDER E NUNCA PRECISEI DE HOMEM, NEM DE NINGUÉM PARA CUIDAR DE MIM. POR FAVOR, PODERIA SE RETIRAR, TENHO TRABALHO A FAZER E NÃO ESTOU PRA VISITINHAS SOCIAIS.

Arthur não conseguiu responder mais nada. Saiu revoltado, querendo matar a Lua, colocá-la num quarto, trancada para que nada lhe acontecesse. No fim da revolta, queria beijá-la, pois aquela mulher forte, dona  de si, o deixava louco.

Na delegacia Lua ainda retornava ao controle, após a sua discussão com Arthur, quando Mel entra as gargalhas.

- Qual é a graça, Mel?

- Você...

- Eu o quê? O Arthur é o sem noção e eu sou a palhaça agora?

- Não, mas é que por muito menos, você colocou o Pedro e o Micael em cana. O Arthur entrou aqui querendo satisfações, aos gritos e vocês discutiram como em casal de namorados. Em nenhum momento você usou o seu poder de delegada.

- Ah? Claro que usei... (Lua mostrou o revólver).

- Não Lua, você só disse que sabia se defender, coisa que qualquer pessoa com porte de arma sabe, até ele. Mas não deu voz de prisão por desacato. Logo, naquela discussão a delegada passou longe. Quem estava ali era a Lua, a mulher que odeia que homens tentem mandar nela.

- Deixa de loucura, Mel.

- Lu, minha amiga, vamos falar sério? Você gosta dele, gosta de estar com ele. O cuidado e a atenção que ele te dá, é um carinho que você precisava e de maneira nenhuma isso te torna menos competente como profissional ou fraca igual a princesa de conto de fadas.

Lua não tinha mais argumento. Depois disso, tudo o dia na delegacia passou normal. Ninguém tocou mais no assunto.

Por Paula Gonçalves