quinta-feira, 24 de abril de 2014

Ferro e gelo - Capitulo 27


Cap 27

O silêncio poderia ser tocado de tão tenso. Uma hora um dos dois iria falar alguma coisa. Lua queria saber o que foi tudo aquilo. Em poucas vezes na vida ela sentiu medo, aquela era uma dessas vezes, medo de falar e acabar com a mágica que existia ali. Não tinha jeito, o silêncio precisava ser quebrado.

- Arthur, o que você está fazendo aqui?
- Esfriando a cabeça e você?
- Também.

Mais alguns instantes de silêncio.

- Lua, eu não sei o que dizer... Quando te vi deitada na grama, olhando o céu e depois mergulhando... Acho que foi uma das cenas mais lindas e puras que já vi. Eu não me controlei. Eu precisava te beijar te tocar. Precisava disso há muito tempo. Desculpa se fui além do limite. Afinal estamos nos tornando amigos e eu não quero abusar da sua confiança. Mas tenho que ser sincero. Eu gostei e muito. Você é uma mulher incrível, forte de um jeito que amedronta os homens, mas saber que essa força tem um lado doce, delicado e ao mesmo tempo intenso que te conquista, é fascinante.

Arthur não sabia de onde havia tirado coragem para falar tudo aquilo. Ele estava inquieto, porque Lua permanecia olhando para ele em silêncio. Lua se lembrava de todas as insinuações.  Lua não sabia o que pensar. O fato ela não poderia negar as evidências, Arthur conseguia abalar todas as suas estruturas. Ele já era parte presente na sua mente e coração. Como ela lidaria com isso? Ela queria se deixar envolver? Quebrar o coração de novo? Essas eram as questões que rodavam a mente da delegada. Só que ali, naquele momento, só uma coisa vinha a sua cabeça  - APROVEITAR! Raramente agia por impulso, sem pensar, racionalizar e levar os seus instintos em consideração. Todos diziam que era errado. Lua ignorou tudo. Se aproximou de Arthur, fez um carinho no rosto dele, enlaçou o pescoço e disse algo libertador e verdadeiro.

- Arthur, poucas pessoas me surpreendem na vida. Mas, você é a surpresa mais linda que eu já conheci. Por um momento, vamos esquecer tudo, e só curtir. Vou confessar que também adorei.

Lua o beijou, com a mesma intensidade e urgência de antes. Os dois se entregaram àquele momento sem palavras, só com sentimentos, gestos e olhares. Eles curtiram um ao outro.

Já ia anoitecendo, e em algum momento a realidade teria que chegar. Os dois estavam deitados na grama, deixando os corpos secarem, em silêncio, somente as mãos se tocando. Lua cortou o silêncio outra vez.

- Arthur, isso o que aconteceu aqui, fica aqui, tudo bem?
- Lua, sou um cara discreto. Não saiu falando da minha vida pra ninguém. Mas só uma curiosidade... Você se arrependeu?
- Não Arthur, não me arrependi e não me arrependo de nada do que eu faço.
- Então???
- Ah, Arthur, eu não quero nada abalando a minha credibilidade e criar mais tumulto na cidade. As coisas estão instáveis, é melhor não provocar.
- Então eu posso entender, que a gente pode se encontrar escondido pro aí, para como você disse – se curtir?

- Não sei, não vamos programar nada. Vamos deixar acontecer.

Por Paula Gonçalves

13 comentários: