Discovering Love - Capitulo 27

Capitulo 27 – Viagem

POV ARTHUR

Os dias se passaram, e mais uma ideia de doido sai da cabeça daquele diretor infeliz. Toda vez que aquele maluco entrava na sala de aula dizendo ter alguma noticia agradável eu tremia. Nada que pudesse parecer legal e agradável para os outros era bom pra mim.

Com toda uma historinha encantadora, o maluco falou a tão esperada noticia. Um acampamento! Isso mesmo, toda turma iria pra um acampamento em uma reserva um pouco distante da cidade. E pra variar eu questionei se seria obrigado a presença de todos.

- Arthur, você como sempre tentando fugir das atividades propostas pela escola. – o diretor era irônico.

- Perdoa o cara né! Ele é antissocial. – Chay falou e levou um tapa estralado no pescoço dado por Mica.

- Não diretor, é só por... Por curiosidade em saber se seria obrigatório. – Eu tentei aliviar meu lado.

- Será sim Arthur. – o diretor finalmente respondeu – Algumas matérias vão utilizar algumas atividades feitas durante o acampamento, e posteriormente avalia-los com relatórios.

- E quando será? – continuei questionando e já rezando pra não ser surpreendido por nada.

- Daqui a duas semanas. – o diretor respondeu – Tempo que nós julgamos o suficiente pra vocês se organizarem em relação a barracas de camping e todo o material necessário. Lembrando que podem dividir barracas se preferirem desde que sejam meninos com meninos, e meninas com meninas.

Aquela observação gerou uma pequena algazarra na sala. Por mais que ali ninguém pegasse ninguém de fato, sempre tinha aquela ponta de esperança em alguns. Quando dei por mim tinha Chay e Mica me encarando.

- O que foi?

- Nada, você com cara de bobo ai. – Chay respondeu.

- Cada um com sua barraca né? – Mica questionou – Dormir pertinho demais de vocês não vai ser agradável, ainda se fosse com as meninas.

- Falou o garanhão! – eu ri.

- Você fala isso só porque já dormiu com a doidinha ali né?! – Mica falou e eu fiquei sério.

- Acho melhor parar com essa história, se alguém escuta isso pode interpreta errado, além do mais eu prefiro não lembrar isso. – sei que fui grosso, mas foi necessário.

O que eu não contava, é que atrás de mim teria três ouvidos atentos, os quais pertenciam a três garotas que me olhavam recriminando, mas o que eu falei de errado?

Não demorou muito e Lua saiu furiosa porta a fora. Eu ainda tive a reação de levantar, mas Sophia me segurou.

- Deixa que eu vou!

- Eu não falei nada, porque vocês me olham assim? – questionei Mel e os garotos, estava ficando chata já essa situação.

- Relaxa Arthur, sei que não falou por mal, mas é inevitável todo esse clima que ficou depois daquele dia. Afetou a amizade de todo mundo. Eu acho que vocês precisavam conversar. – Mel me falava daquele jeito doce de chamar atenção sem machucar que só ela tinha.

- Mel, quem anda fugindo não sou eu. Não aconteceu nada demais naquele laboratório pra ela ficar assim. Essa garota simplesmente surta do nada. Num momento ela tá bem, no outro se transforma, e eu não tenho vocação pra maluca. – Falei e me retirei da sala também.

POV LUA

Não me incomodei com aquela noticia do acampamento. Pra falar a verdade, pra mim seria como um dia normal de aula só que sem o conforto da minha casa. Mas ouvi Micael falando daquela forma me deixou balançada, e mesmo com o Arthur negando, a ultima coisa que ele disse me deixou com uma vontade imensa de chorar, e eu não poderia fazer isso na frente dele.

Ouvir da boca dele que ele não queria lembrar aquela noite, era o mesmo que ouvi que ele não queria lembrar-se de mim. Aquele beijo mexeu tanto comigo, mas pelo visto foi só comigo mesmo. Ele se mostrava melhor e feliz a cada dia, enquanto eu corria pelos corredores me escondendo nos banheiros pra não chorar na frente de ninguém. Afinal eu sou Lua Blanco. A garota sem sentimentos.

Sophia logo chegou atrás de mim no banheiro. Ela e Mel já sabiam daquele refugio meu. Refugio esse que estava sendo usado cada vez mais e com mais frequência.

- Amiga ele não falou aquilo por mal. – Soph tentava aliviar – Pelo contrario ele te defendeu.

- Ele só falou que não quer se lembrar de mim.

- Luinha, não foi bem assim...

- Relaxa Soph, já passei por coisas piores... Bem piores, eu supero! – falei enxugando os meus olhos, me encarando no espelho e saindo daquele banheiro.

Se esquecer era o que Aguiar queria, ele iria conseguir... E eu também.

O tão esperado dia do acampamento chegou. Durante essas duas semanas que se passaram meu contato com o Arthur foi único e exclusivamente nas aulas. Comecei a evitar até as minhas amigas durante o horário de escola se fosse necessário, afinal elas eram amigas deles, e eu não queria estragar amizade de ninguém. Queria apenas tentar esquecer que me interessei por ele.

No ônibus fretado pela escola para irmos mais uma surpresa. Mel entrou logo na frente e se sentou ao lado de Chay que se encontrava ali, Sophia não demorou a sentar-se do outro lado, onde Mica encarava a rua através da janela. Suspirei, afinal tinha sobrado de novo. Jeito bom de começar o grande acampamento. Ao dar mais um passo, eu tinha duas opções pra me sentar, ao lado de Arthur, ou ao lado do banheiro do ônibus, local que sobrava por não ter um odor nada agradável.

E como minha intensão era manter distancia de Arthur, fui parar no fundo, sozinha mais uma vez. Eram nesses instantes que eu me sentia uma merda por já ter aprontado tanto para as pessoas daquela turma. Uma grande parte não me suportava, como Arthur e seus amigos, outra parte me ignorava, e alguns poucos puxavam meu saco na minha frente por medo.

Tá ai, uma coisa que ninguém fazia ideia, era que esse mesmo medo que eu provocava eu sentia. O fato de me manter sempre como durona era apenas pra tentar afastar as pessoas de mim, e hoje vejo que conseguir.

Durante o percurso da viagem para o acampamento fui pensando em minha vida. Nas coisas do meu passado que eu apaguei – ou pelo menos tento apagar – da minha relação com meus pais sempre estranha, das minhas amigas que eram as pessoas mais preciosas que eu realmente tinha. E ao lembrar isso me virei para o local onde elas estavam sentadas, era visível a animação dos garotos, eles realmente pareciam legais. Um sorriso surgiu em meu rosto, mas logo se desfez ao cruzar meu olhar com o de Arthur que me observava.

Foi ai que me lembrei do meu primeiro beijo há anos atrás, lembrei-me dele me ajudando quando Ricardo tentou abusar de mim, lembrei-me do dia da praia, o quanto ele era carinhoso com a namoradinha dele, e lembrei-me do nosso beijo no laboratório. Um simples beijo que foi magico, encantador, carinhoso. Sem contar o cuidado e preocupação comigo na hora de deitarmos naquele chão gelado. E o que eu fiz? Joguei tudo pra cima quando acordei e tratei-o daquela forma.

Uma lagrima rolou, isso não podia acontecer, não comigo, não naquele lugar.

Por Nana F.