Discoverin Love - Capitulo 39

Capitulo 39 – Revelação

POV MEL

Nossa, fiquei tão feliz quando Luinha me ligou radiante no domingo me contando que finalmente tinha ficado com Arthur e estava preparada pra contar tudo e se acertar de uma vez. Acho que desde quando comecei a andar mais com ela após o incidente do Binho e do tratamento com o meu pai que não a via daquele jeito. A gente já se conhecia antes, mas ela sempre foi retraída, mesmo com a gente.

Comecei a achar estranho quando ela me ligou no domingo a noite meio receosa por Arthur não ter dado noticia. Juro que se aquele cara fizesse minha amiga sofrer eu mataria. Na segunda passamos o dia todo juntos na casa de Chay, tentamos ligar pra Arthur e nada, nem os meninos ele atendia. Até na casa dele Mica foi, mas não o encontrou lá. Estava tudo no mínimo estranho.

Já no final da tarde, ele mandou uma mensagem pra Chay, falando que estava bem, mas precisava ficar sozinho. Ao ler aquilo vi os olhinhos de minha amiga brilharem, e não eram de alegria, eu podia ter certeza que ela não demoraria a chorar. Inventei uma desculpa qualquer e a chamei pra ir embora. Não precisava palavras pra saber que era isso que ela queria. Ela desabou assim que passou da porta. E segundo ela, isso era uma vingança dele por ela ter o ignorado por tanto tempo. Mas lá dentro de mim, algo me dizia que o Arthur não era capaz de fazer isso, ele também gostava dela.

Somente hoje na terça feira, eu conseguir ver um sorriso brilhar no rosto de Lua, e apenas aquilo foi suficiente pra saber que era Arthur naquele celular que ela tanto encarava. Após a aula os meninos inventaram uma desculpa esfarrapada sobre ajudar o pai de Mica a fazer alguma coisa, o que eu não acreditei muito, mas nem quis desconfiar demais. Poderia ser algo com Arthur, e eu não acho legal fazer Luinha ficar nervosa novamente.

A tarde quando estava quase chegando em casa, meu celular tocou. Era o Chay pedindo que eu fosse pra casa de Arthur urgentemente. Fiquei com medo tentei que ele me falasse logo algo e avisei que estava com Soph, ele falou que Lua não poderia saber, mas que Sophia não teria problema poderia até ajudar. E eu seguir nervosa voltando uma quadra e chegando ao prédio de Arthur.

Não conseguia raciocinar direito, ainda bem que era no primeiro andar, mas um vão de escadas e eu juro que desmaiaria. Soph corria atrás sem entender nada, mas tão nervosa quanto eu.

Escutar toda aquela historia me deixou sem chão. Eu não sei se tinha mais pena de Arthur por tá nessa situação com a mãe e com Lua, ou de Lua que quando finalmente saía de um problema arrumava outro. Eles não mereciam isso. A minha vontade e acho que de qualquer um deles ali era de ir no lugar dele e deixar eles viverem aquela história. E essa opinião só aumentou ao ver Arthur sair daquele quarto parecendo um caco.

Como uma pessoa podia se acabar em tão pouco tempo? Ele estava acabado, abatido, provavelmente não estava nem comendo nem dormindo direito esses dias. Minha reação foi abraça-lo, eu sentia que ele precisava disso. E foi o suficiente pra desabarmos nós dois. Chay parecia uma criança acuada no canto da sala. Soph estava em prantos no colo de Mica desde que ele começou a contar tudo.

- O que eu faço agora Melzinha? – Thur suplicava por ajuda.

- A gente vai resolver isso, calma. – eu pedia calma, mas não fazia nem ideia de como aliviar aquilo. Foi então que resolvi bancar a maluca – Pra começar você precisa cuidar de você.

Ele me olhava sem entender e eu o arrastava entrando na cozinha e puxando uma cadeira o fazendo sentar.

- Pelo visto tem alguém aqui que não sabe o que é comer a dias. – eu tentava descontrair e pude ver Mica na porta tentando um sorriso – Você sabia que pra cuidar da sua mãe vai ter que está bem? E além do mais eu aguardo o meu amigo de volta inteiro.

Arthur parecia incrédulo com tudo que eu falava, mas eu não podia o encarar muito ou desabaria com ele mais uma vez. Com muita presepada e o apoio de Mica, conseguir tirar um sorriso sem graça do rosto dele, mas já era alguma coisa. Preparei umas torradas, vasculhei a geladeira tirando algumas coisas provavelmente já estragadas dali, ao vasculhar o armário encontrei uma caixa de leite ainda fechada. Era incrível como mesmo morando sozinho a casa dele conseguia ser linda e organizada. Esse com certeza era um menino de ouro. Era o garoto que minha amiga merecia. E ao pensar nisso uma lagrima escorreu no meu rosto, mas tratei de enxuga-la.

Juntei algumas frutas fiz uma super vitamina e o fiz comer mesmo contra vontade. Chay e Soph não demoraram muito a entrar na cozinha. Chay fazia graça sem graça de tudo. Não ajudou muito, mas pelo menos quebrava o silêncio, e acho que era essa a intensão. Já Soph, essa não conseguiu falar muito, sua carinha era de tristeza, e isso só me lembrava Lua. Provavelmente minha amiga estaria assim também, e olha que ela nem sabia de nada ainda.

Após Arthur finalmente comer, eu arrumei tudo na cozinha contra a vontade dele. E resolvi ir embora. Mica já tinha ido levar Soph devido ao horário, mas ele retornaria. Os meninos iam passar a noite com o Thur, era lindo ver a amizade deles. Tão simples e verdadeira. Em lembrar que eu já impliquei tanto com eles por serem assim. Eu definitivamente não sabia o que era ser feliz.

Assim que Mica chegou, eu me levantei.

- Promete pra mim que você vai ficar bem? – falei não conseguindo evitar que os meus olhos marejassem – Amanhã vou conversar com ela antes. Ela precisa saber e entender, eu garanto que ela também tem algumas coisas pra contar pra você.

- Obrigado por tudo! – ele disse já sem chorar, acho que nem lagrima ele tinha mais.

- Tenta dormir. Amanhã seu dia vai ser longo – eu falei saindo acompanhada por Chay e ele apenas assentiu.

Dormir naquela noite não foi uma tarefa muito fácil. E encarar Lua na quarta feira cheia de questionamentos foi mais difícil ainda. Os meninos acharam pouca toda àquela confusão e faltaram a aula também, o que a deixou mais desconfiada. Era incrível vê-la nervosa com o sumiço e ao mesmo tempo fazendo planos pra encontra-lo se ele marcasse algo. Animada pelos pais terem mais uma vez viajado.

Oh vida complicada a dela viu. Passar por tudo que passou na infância e ainda ter pais completamente ausentes achando que o dinheiro e o luxo que a mantem sejam suficientes. Lua era uma pessoa que tinha tudo, tudo o que o dinheiro podia comprar. Mas carente de atenção, de carinho. Além de mim e da Soph, e agora dos meninos, ela só tinha Bela, a babá dela desde a infância, que apesar do tempo ainda era empregada da casa, e a amava muito. E agora mais uma vez ela iria sofrer. Era visível isso.

Saímos da escola cada uma pra sua casa, eu ainda tinha que dar satisfações a minha mãe de que provavelmente Lua precisaria de mim e eu não voltaria pra casa à noite. Assim que minha mãe consentiu eu arrumei algumas coisas e seguir pra casa de Lua, a assustando com a visita inesperada. Pelo meu rosto ela sentiu que tinha algo, e antes que ela perguntasse a campainha tocou novamente. Era Soph e eu sabia.

- Fala logo, o que tá acontecendo? – ela exigia nervosa e autoritária.

Eu apenas encarei Soph, que com apenas um leve aceno de cabeça indicou que eu contasse. Ver Lua pálida, imóvel, e ofegante encarando o nada na minha frente não foi fácil. Jurei que ela iria desabar e cair a qualquer instante. Mas não, foi apenas uma pausa pra um choro pavoroso ecoar pela sala.

Eu abracei minha amiga juntamente com Soph, que dessa vez se mostrava mais forte que ontem, e pude avistar Bela aflita da porta da cozinha. Eu só sabia pedir calma a Lua. A reação dela foi como se eu contasse que Arthur tivesse morrido, esperava choro, mas não dessa forma. Logo Bela se aproximou com um copo com agua e algum calmante. O qual ela se recusou a beber.

A única coisa que ela falava era que precisava ver ele. Foi difícil de controlar, mas enfim Soph a convenceu de que ele não estava bem igualmente a ela. E que ela precisava ser forte pra não deixar ele pior ainda. Afinal era ele que estava com a mãe internada, ignorado pelo pai, e se afastando de todos os amigos e da pessoa que amava por uma obrigação e de uma hora pra outra.

Lua tranquilizou um pouco mais. Enfim tomou um calmante e conseguiu tomar um banho e relaxar.

Dai vocês me perguntam se uma pessoa de 17 anos é capaz de amar dessa forma. E eu respondo que é sim. O amor vem com a gente de berço. É desde quando nascemos e amamos aqueles que nos criam como pais, sejam esses biológicos ou não, basta haver um sentimento reciproco. Crescemos amando nossos amiguinhos de escola, e apesar dos chatos tem aqueles que a gente realmente gosta, cuida, ama e que o sentimento é retribuído. E esse amor entre homem e mulher é descoberto quando a pessoa certa realmente aparece. A gente não sabe se ele vai aparecer com 15, 20, 30, 50 anos, mas um dia ele chega. E não existe nada no mundo que o apague.

Por Nana F.