Rediscovering Love - Capitulo 16

Capitulo 16 – Papai

POV ARTHUR

Após aquela noite mal dormida na sala, acordar com choro de criança não é legal. Isso mesmo, era choro de criança. O que afinal estava acontecendo hein?

- Eu não vou me acostumar nunca em acordar e me deparar com alguém que não dormiu aqui, passeando pela casa. – eu reclamei relembrando os velhos tempos. Saudade define.

Andei na direção de onde vinha o barulho e me deparei com Lua e o filho no colo. É pelas roupas era um menino, e até grande por sinal. Não era nenhum bebezinho mais. Perguntei se havia machucado, ela logo me respondeu que não e me pediu desculpas. Mas quando aquele garotinho se virou pra mim eu não tive duvidas, ou era sonho, ou era eu quando pequeno na minha frente. Faltou chão. Eu até pensei em perguntar alguma coisa, apesar de julgar desnecessário, e mais uma vez fui surpreendido.

- Papai! – isso mesmo, o garotinho me conhecia sabe lá Deus como.

Juro que achei que estava sonhando. Passei a mão no cabelo, esfreguei meus olhos, passei a mão pelos meus braços quase me beliscando pra ter certeza que era verdade.

- É filho, é o papai. – ela respondia a criança quase sussurrando e com os olhos cheios de lágrimas. Aquilo era pra me matar.

O menino grudou em Lua, não sei se por vergonha ou assustado com minha cara que não deveria ser das melhores. Minha vontade era de abraçar os dois, mas meu lado consciente me mantinha lucido o suficiente pra exigir uma explicação.

- Eu ainda tô sonhando. – eu sacudia a cabeça.

- Não Arthur, eu estou aqui por isso. – ela respondia e eu já me direcionava pra sala novamente, completamente perturbado e ela me seguindo – Sei que a ultima pessoa que você queria ver na sua frente sou eu, mas eu não tenho mais porque esconder nada. Já meti gente demais nessa confusão, já chega.

- Qual o nome dele? – eu o olhava e ele também me encarava, eu queria pega-lo no colo.

- Rafael. Meu anjinho, nosso anjinho. – ela respondeu, e mesmo sorrindo as lagrimas escorriam no seu rosto.

Ela idolatrava aquela criança com um simples olhar. Era incrível como era possível enxergar o amor existente ali.

- Eu posso pegar?

- Claro! Ele te conhece mais do que você imagina. – ela sorriu.

- Como assim? – eu não entendi, assim como não entendi ele me chamar de pai sem nunca ter me visto.

- O Chay. Ele perdeu incontáveis tardes na tarefa árdua de fazer o Rafael falar primeiro papai do que mamãe. – ela me explicava.

- E conseguiu? – eu perguntei já me aproximando do garoto fazendo carinho.

- Infelizmente não. Soph conseguiu fazer ele falar “ti” antes, segundo ela era referente a Titia. – ela estava ainda mais linda – Mas papai veio antes de mamãe sim. A concorrência era desleal.

- Concorrência? – eu sorrir sem entender – Como assim?

- Digamos que ele tinha dois tios tentando ensinar papai, uma tia insistente falando titia e a outra que só o fazia gargalhar com palhaçada, e apenas uma mãe. A maioria venceu.

- Por que você nunca me falou nada?

- Eu descobrir com pouco mais de um mês de gravidez. Não contei nem para meus pais, só quem sabia era Soph e Mel porque me acompanharam até o médico... Com quase cinco meses de gravidez minha mãe descobriu e meu pai me deu a opção de desistir da gravidez ou perder minha mordomia. E eu sair de casa. Foi ai que os garotos descobriram. – ela falava tudo pausadamente e chorava. Eu apenas a observava deixando-a continuar.

- Não vou mentir que no inicio passou pela minha cabeça da um fim em minha vida. Tudo que eu não precisava naquele sofrimento todo sem você aqui era descobri que estava gravida e sozinha. E foi por isso que todos concordaram em não te contar nada. Na verdade eles tinham medo que eu fugisse e sumisse como eu ameacei.

- Mas por que eu não podia saber? – eu ainda não entendia – Você não me queria por perto, não queria mais me ver, o que aconteceu?

- Nada disso. A única coisa que eu pedia todos os dias quando deitava naquele quarto, era que sua mãe melhorasse e você pudesse voltar logo. – ela chorava muito, e Rafael já andava pela sala catando alguns brinquedos – Eu tinha medo. Medo de não dar conta de cuidar, de não ser uma boa mãe, medo que você não pudesse voltar mais.

- Se você tivesse me contado eu voltaria na hora.

- Arthur, eu sei que é difícil entender. Mas foi por isso que eu não deixei ninguém te contar. Sua mãe estava sozinha lá, eu conversava com você e estava ciente do quanto ela precisava de você lá com ela por só ter você. Seria injusto eu fazer você ficar dividido com essa situação. Aqui eu tinha as meninas, os seus amigos que agora também são meus, a Bela que até hoje toma conta de Rafael pra que eu possa trabalhar. E sua mãe, ela teria quem?

- Lua isso não justifica, eu teria vindo te buscar, você iria pra lá comigo. Eu não sei, qualquer coisa, mas eu não deixaria você aqui sozinha gravida. – eu comecei a ficar nervoso, com essa desculpa infantil, não era justo eu ter perdido tudo isso, por causa de chantagem boba de Lua com os garotos – Você mais do que ninguém sabia que eu seria incapaz de te abandonar com uma criança aqui.

- Thur, eu nunca falei isso. Todo mundo sabe que a escolha de não te contar foi minha. Você não imagina o quanto foi difícil conversar com você e ter que fingir que não havia nada. Ver você ligar na madrugada, angustiado, e minutos depois correr para o hospital porque seu pressentimento era seu filho nascendo. Ouvir seus amigos revoltados comigo por está te privando de conhecer seu filho.

- Aquele dia que eu liguei ele tinha nascido?

- Assim que desligou o telefone a minha bolsa estourou. – ela contava – Eu reconheço meu erro Arthur, eu não mereço consideração, respeito, compreensão nenhuma sua. Eu só queria te pedi duas coisas.

- O que?

- Não desconta sua raiva nos meninos, eles não tem culpa de nada, eles te amam e você não tem noção do quanto. – ela chorava muito e não falava o resto.

- Qual a outra coisa? – eu faria qualquer coisa pra ela ou por ela. Apesar da raiva, eu conseguia compreender a intensão dela.

- Não rejeita nem abandona o Rafael, ele te ama mesmo sem te conhecer ainda. E eu tenho certeza que não pode existir um pai melhor no mundo.

Aquilo partiu meu coração e eu já chorava também.

- Isso você não precisava me pedir.

- Bom, era isso agora você já sabe de tudo, eu vou pra casa, tenho que trabalhar ainda hoje.

- E o Rafael? Você trabalha e ele fica com quem? – não deixaria um filho meu com qualquer pessoa.

- Bem, o certo é ele ficar com a Bela, não sei se você lembra, a minha babá. Mas confesso que tem sempre um tio babão desocupado pra estragar meu pequeno. – ela falou já pegando o garoto no colo.

- Pensei que ele ficava com o Victor. – falei besteira, fui irônico, mas não contive minha curiosidade.

- Se você não se importar, eu não queria falar disso. Não agora pelo menos. – ela ficou vermelha – Eu tenho que ir. E só pra deixar claro, Victor nunca entrou aqui na sua casa.

Aproximei de Rafael mesmo no colo dela e dei um beijo no alto da cabeça dele. Era meu filho. Minha cópia, com os olhos da mãe. Daquela garota linda que eu tanto amava, mas que infelizmente não era mais minha. Tinha um outro agora.

- Só não peço pra você deixa-lo aqui comigo hoje porque acho que ele me estranharia ainda, e eu tenho que ver algumas coisas do trabalho. Mas depois eu quero vê-lo, pode ser?

- Na hora que você quiser. A gente tá na casa da Mel, você sabe onde fica.

Ela saiu por aquela porta, e minha vontade foi de ir atrás e prende-la aqui pra sempre. Não me conformo em ela ter outro. Ela é minha, sempre minha e só minha. Ou pelo menos era.

Por Nana F