Rediscovering Love - Capitulo 3

Capitulo 3 – O outro lado da história

Capitulo 3 – O outro lado da história

POV LUA

           

Sair daquele aeroporto sem Arthur, foi como enfiar uma faca em meu peito. Eu desabei do momento em que o perdi de vista. Namorinho de adolescente? Pode até ser considerado isso por alguns. As pessoas mais velhas geralmente tem o dom de menosprezar nossos sentimentos. Pra eles nunca será amor, nunca sofremos, é tudo mania boba que vai passar. Mas nunca passa, e só quem sente sabe.

Passei duas semanas trancadas no meu quarto sem querer ver ninguém. Bela que às vezes entrava lá e me obrigava a comer alguma coisa, mas ao perceber que não estava dando muito certo me ameaçou de ligar para os meus pais. E eu só acreditei quando de fato isso aconteceu. Meu pai era o ser mais frio da face da terra, nada era capaz de amolecer o senhor Blanco. Já minha mãe demonstrou preocupação até o telefone tocar a chamando pra mais um daqueles jantares beneficentes que ela tanto amava. O jeito foi sair da crise sozinha.

Voltei a frequentar a escola por já está na reta final, até hoje não sei como conseguir passar naquelas provas. Durante a maior parte do tempo eu ficava no apartamento do Arthur. Era como se a qualquer momento ele fosse abrir a porta e vir correndo me abraçar. E o melhor é que virava ponto de encontro mesmo sem querer. Quase sempre encontrava com um dos meninos lá. Fazendo nada, apenas tentando cuidar daquele cantinho. Ali eu tinha certeza de que estaria segura.

Chay quase manda me internar quando passei mal na escola umas duas ou três vezes. O que ele não desconfiava é que aquilo estava cada vez mais frequente.

- Luinha, vamos num médico, por favor? – Mel falava.

- Eu não tô doente Mel, me deixa vai! – eu permanecia deitada em meu quarto.

- Amiga você já voltou a se alimentar direito isso não é normal. – Soph reclamava do outro lado – Ou você marca uma consulta e vamos num médico, ou eu ligo pra um e ele vem te atender aqui.

Enquanto Sophia terminava de reclamar eu corria mais uma vez para o banheiro.

- Ok! Vocês venceram. – eu me rendia, realmente eu não estava bem – Mel, pega minha bolsa, vamos logo num pronto socorro, não quero marcar consulta com medico conhecido pra minha mãe vir bater aqui amanhã achando que eu morri.

Descemos e eu pedi para o motorista tirar o carro pra levar a gente. Durante o percurso de casa para o hospital, o qual não era nem meia hora eu quase passei mal novamente, por sorte conseguir segurar até adentrar aquele lugar imenso branco, frio, tenebroso e com cheiro de éter – vulgo hospital!

Pra encurtar a historia, após ser examinada e fazer uma bateria de exames de sangue que eu julgava inúteis, a médica pediu que nós aguardássemos por alguns resultados. Nunca vi tanta demora. E ao ser chamada novamente na sala da médica, o que eu pensava que estava ruim, consegue piorar.

- Senhorita Lua, parabéns! – a médica começou e eu olhava sem entender nada – A senhorita vai ser mamãe!

- Mãe? Co... Co... Como assim? – eu gritei e só pude reparar na Mel com cara de abestalhada, e Soph com cara de medo.

- Mamãe, você está gravida Lua. Seus enjoos, tonturas, tudo é por isso. – ela falava numa alegria que me irritava.

- Não! Não posso, eu não posso está gravida! – eu já chorava horrores.

- Calma querida, isso não vai fazer bem para o bebê nem pra você. – a médica tentava me acalmar – Vamos esperar os resultados dos outros exames saírem, a gente verifica se está tudo bem, vamos cuidar desse bebê direitinho, não precisa ter medo.

- COMO EU NÃO VOU TER MEDO?! Eu tenho 17 anos, estou gravida, e o pai da criança tá do outro lado do oceano cheio de problema, eu não posso fazer isso com ele. – eu era só o desespero.

- Luinha calma, a gente está com você, vamos pra casa, acho que você precisa descansar um pouco. – Soph falou me abraçando.

- Isso meninas, levem ela pra casa, aqui está meu telefone, qualquer coisa me liguem – a médica passou o telefone dela pra Mel, seguida de outro papel – Aqui tem um remédio pra enjoo caso eles persistirem, mas tentem faze-la ficar tranquila.

Saí daquele hospital, amparada pelas minhas amigas e com uma única vontade. Morrer!

Como eu podia está gravida?

- PRIMEIRA NOITE! – eu gritei.

- O que Luinha? – Soph me questionou sem entender.

- Foi a primeira vez, eu não me lembro de ter usado camisinha, aliás, foi tudo tão maluco que eu só me lembro de ter sido bom.

- Sim, Lu! Agora não adianta mais tentar concertar, a única coisa a fazer é ligar para Arthur e... – Mel falava paciente e eu interrompi.

- E nada dona Melanie! Nem pensem em abrir a boca pra ninguém. – eu recriminei.

- Ficou maluca garota, é claro que ele tem que saber! – Soph gritava do outro lado.

- Meninas, vocês não entenderam a gravidade do problema. Eu estou gravida aqui, Arthur está em Londres com a mãe internada, e meus pais não imaginam a possibilidade de que eu não seja mais virgem e vão ficar sabendo da melhor forma, com um netinho de presente. EU NÃO POSSO TER ESSE FILHO. – me passava mil loucuras na cabeça.

- Lu, você não está pensando em tirar essa criança tá? – Soph me olhava incrédula.

- Eu não teria coragem, mas eu não sei o que fazer. – eu já desmanchava em choro entrando no carro – Me ajudem, por favor.

- Claro amiga! – Mel abraçava do outro lado.

Cheguei em casa fui direto para o quarto. A única coisa que exigir das duas foi que não abrissem a boca pra absolutamente ninguém. E assim foi feito durante os primeiros quatro meses. Eu já havia me acostumado com a ideia, mas sempre que conversava com Arthur ficava mal. As meninas estavam sempre por perto, tenho pra mim que elas tinham medo que eu cometesse alguma loucura.

O que eu não esperava mesmo nessa história toda foi à reação dos meus pais. Sim, eu não tinha contado nada ainda. E o costume de ficar sempre sozinha em casa me fez ter a triste atitude de chegar da médica e deixar o resultado dos últimos exames e ultrassom em cima da mesa da sala enquanto entrava na cozinha pra pegar um copo com água, era hora das vitaminas. Eu já amava incondicionalmente meu filho, e a possibilidade de alguém pensar em fazer mal me fazia virar um bicho.

Quando retornei pra sala encontrei minha mãe com o envelope nas mãos e a cara de fúria que há muito tempo eu não via.

- De quem é esse filho?

- É meu mãe, eu estou grávida – tentei falar como se fosse normal, mantendo a calma.

- Que é seu eu sei Lua, não se faça de ingênua! Eu quero saber quem é o pai dessa criança, e nem venha me dizer que não sabe, que eu não acreditarei. – ela estava realmente furiosa.

- O pai está fora, ele ainda não sabe e eu não irei contar por enquanto. – era uma decisão minha e eles teriam que aceitar.

- Quando seu pai chegar a gente conversa. Duvido que ele permita que essa gravidez siga adiante. – aquilo me fez ir até as estrelas.

Não dei nem o trabalho de responder. Subi para meu quarto correndo, liguei pras meninas, avisei que encontraria com elas no final da tarde no apartamento do Arthur. Era pra lá que eu iria. De forma alguma eu deixaria que alguém encostasse a mão no meu filho, talvez se minha mãe tivesse comigo quando eu descobrir eu permitiria isso, levando o remorso para o resto da vida, mas não, ela estava Deus sabe lá onde, e eu garanto que nem se lembrava da minha existência.

Meu pai chegou e não foi o melhor encontro. Levei nome de tudo que foi possível, e fui até ameaçada. Se eu não tirasse o filho, ele não me deixaria ficar em casa e cortaria minha mesada. Ótimo! Era o que faltava. Mas não parei nem pra pensar, só fiz subir e pegar minhas coisas que havia separado, e voltaria depois pra pegar alguma coisa que faltasse. Afinal eu não dava nem uma semana pra casa está livre novamente.

Despedi apenas de Bela, garantindo a ela que ficaria bem e daria noticias, e aquilo me partiu o coração. Meus pais foram incapazes de perguntarem se quer pra onde eu iria e se tinha algum dinheiro. Minha sorte é que graças a minha gorda mesada e aos poucos gastos ultimamente eu tinha uma quantidade razoável de dinheiro. Fora alguns cartões de credito que me renderiam boas compras inicialmente antes de serem cortados. E foi isso que fiz.

Aquela noite foi tenebrosa, as meninas ficaram lá comigo e a única certeza foi de que o outro dia seria de compras. Chega a ser engraçado, fui ao shopping e ao supermercado. Estourei o limite de meus três cartões de credito, e olha que eram bem grandes. Comprei de tudo que acharia necessário para o bebê nos primeiros meses e de alimentos não perecíveis. Se era guerra que os Blanco queriam eles iam ter. Só não esperava que ao voltar no final da tarde pra casa do Arthur fosse encontrar o Chay.

Por Nana F.