Rediscovering Love - Capitulo 4

Capitulo 4 – Um anjo

Capitulo 4 – Um anjo

POV MEL

Já vi pessoa cabeça dura, mas igual Lua tá pra existir. Quase cinco meses de gravidez e ela não teve coragem de contar para o Arthur ainda. Coitado ele merecia saber. E depois de toda confusão com os pais dela, ela sair de casa ficar sem grana nenhuma eu imaginei que isso aconteceria, em vão.

O que ela não contava era que ao voltarmos pra casa entulhadas de sacolas encontraríamos Chay no apartamento. Também era de se esperar, aquilo ali era mais visitado do que qualquer exposição de arte de artista famoso.

Chay se assustou de início, não entendeu nada. Mas ao parar pra prestar atenção em tudo ficou cismado.

- Vai se mudar de vez pra cá?

- Mudei já, mas não se preocupe, pode continuar nos visitando. – Lua falou, acho que agora ia complicar.

- NOS visitando? Quem mais vem pra cá? – ele continuava.

- Eu e o bebê Chay, eu e meu filho. – ela foi mais direta que eu imaginava e o queixo de Chay se deslocou indo quase ao chão.

- Bebê?! Como assim minha filha? Da pra explicar direito isso? – ele ficava nervoso.

Luinha começou a contar toda história. Mais uma vez levou nome de louca, irresponsável, inconsequente, mas dessa vez por está escondendo tudo de Arthur. E quando Chay não concordou esconder e ameaçou ligar pra Arthur, ela teve a atitude temida por todos sempre.

- Se alguém insistir em contar alguma coisa eu sumo, não duvidem disso. – ela ameaçou e eu sabia que era capaz – Será que ninguém pensa que ele já está sofrendo o suficiente por tá longe daqui não. Vocês não percebem que ele não vai poder fazer nada e vai ficar se sentindo pior ainda. Ele não pode voltar, ele não tem com quem deixar a mãe dele, eu pelo menos tenho vocês aqui, ou pelo menos tinha né?!

Quando ela falou aquilo me partiu o coração, olhando desse lado ela tinha razão. Arthur não poderia fazer nada e só iria ficar pior por isso. Chay ficou sem reação, e eu tive medo. Mas ele logo se levantou e abraçou Lua, nem quando Arthur foi embora eu o vi chorando tanto daquela forma. Ele abraçava Lua e acariciava a barriga dela como se fosse o próprio pai.

- Quanto tempo já dona doida?

- Entrando no quinto mês.

- Sim, isso eu imaginei, eu digo quanto tempo você já sabe disso? – Chay tentava fazer palhaçada.

- Fiquei sabendo com um mês e pouquinho. Na época dos enjoos. – Lua falou e completou – O que ninguém sabe ainda, e se sinta privilegiado de ser o primeiro, é que é um menino!

- Sério amiga?! – eu gritei.

- É descobri ontem, mas com toda confusão nem contei pra vocês, desculpa. – ela falava igual uma criancinha. Meu Deus, era uma criança carregando outra.

Aquele momento de alegria foi tudo que ela precisava pra se sentir melhor. Graças às condições financeiras de todos nós aqueles meses seguintes se passaram sem Luinha precisar mexer em um misero centavo das suas economias, ela não aceitava muito fácil, mas entendia que precisava. A faculdade ela trancou, após o pai dela cortar definitivamente todas as regalias dela. A parte mais difícil mesmo era enganar Arthur. Partia meu coração atender os telefonemas dele, responder os e-mails sobre Lua que ele mandava aflito e não poder falar nada.

- Chay, fala pra ele que eu não pergunto mais e que você não tem me visto, que eu devo está com outro, qualquer coisa, mas ele não pode me ligar mais, eu não consigo mais mentir. – Lua suplicava.

- Lu, eu sinto muito, a mentira já tá grande demais, eu não vou enfiar uma faca no peito dele a distância. – Chay tentava explicar com calma – Você não entende a gravidade do problema que pode causar em falar pra Arthur que você tem outro aqui. O cara te ama garota.

E os dias se passavam, não sabemos ao certo o motivo, mais coincidentemente Arthur estava ligando cada vez menos. Pelo menos diretamente pra Lua, ele rondava sempre os garotos e poucas vezes pra mim ou Sophia. Mas naquele dia foi incrível.

Quando Lua completou as 38 semanas, eu me mudei praticamente para a casa do Arthur. Lua tinha receio em ficar sozinha e sentir algo na madrugada e naquela noite meu celular tocou. Eu ainda dormia, a ligação caiu, retornando a tocar novamente em seguida.

LIGAÇÃO ON

A: - Melzinha o que tá acontecendo ai?

M: - Arthur, você tem noção de quantas horas são?

A: - Mel desculpa, os meninos não me atendem, Lua tem me evitado e só você pra tirar essa angustia que eu tô sentindo, me fala, o que tá acontecendo?

M: - Thur, ainda são 5 da manhã aqui e até a hora que eu fui dormir ontem não tinha acontecido nada, fica calmo.

A: E Luinha, como ela tá? – a voz dele era de choro e isso me partia o coração.

M: - Ela tá aqui dormindo comigo hoje, com aquele sono pesado de sempre, quer que eu acorde?

A: - Ela vai querer me matar, mas eu preciso ouvir a voz dela Mel.

M: - Ok! – se eu não passasse aquele telefone quem choraria era eu.

Sacudi Lua algumas vezes, ela logo despertou, e eu passei o telefone pra ela. Ligando o viva voz caso precisasse confirmar alguma coisa.

L: - Alô?!

A: - Luinha, eu sei que você tem me evitado, não sei o motivo nem quero te cobrar nada, sei que deve está pensando em me matar agora por ter te acordado, mas eu precisava escutar sua voz.

L: - Calma Arthur, eu tô bem!

A: - Certeza que tá tudo bem?

L: - Thur você está me assustando, eu estou bem juro!

A: - Por que você tá dormindo na casa de Mel?

L: - Casa de Mel? – fiz sinal com as mãos para que ela confirmasse - A claro... Não gosto de ficar sozinha em casa você sabe disso.

A: - Eu continuo angustiado, se acontecer qualquer coisa me avisa, por favor?!

L: - Claro que eu aviso. Tô com saudade, muita. – ela começava a chorar, e podia se escutar os soluços dele do outro lado da linha.

A: - Eu te amo mais que tudo nessa vida. E não esquece por motivo nenhum no mundo que eu tô sempre ai do seu lado?

L: - Claro que eu não esqueço. Também te amo muito.

A: - Vou deixar vocês irem dormir agora. Beijo, e não esquece que eu estou de seu lado.

L: - Beijo.

LIGAÇÃO OFF

Impressionante isso, mas em seguida a Lua me abraçou e de repente ficou tensa.

- O que foi?

- Mel, minha bolsa estourou! – Lua falou com os olhos arregalados.

- Calma, vai dar tudo certo. – eu tentava tranquiliza-la, mas estava mais nervosa que ela.

- A angustia do Arthur, ele sentiu Mel. – ela não sabia se chorava, ou se dava risada.

Eu mal conseguir vestir minha roupa peguei a sacola do bebê que já estava pronta, ajudei ela a se levantar depois de colocar um vestido solto pra pelo menos sair do apartamento. As escadas! Corri e chamei o porteiro pra me ajudar. Não dava pra eu carregar Lua no colo. Peguei as chaves do carro, e saímos. Durante o caminho ela foi tentando ligar para o Chay, eu sabia que não ia ser fácil fazê-lo acordar, mas eu estava disposta a vencer pelo cansaço.

Chegamos ao hospital apenas nós duas. Soph tinha sido avisada e estava a caminho. Não avisei aos pais de Lua, apenas liguei pra casa dela e comuniquei a Bela pedindo que não comentasse nada. Bela sim estava sendo um verdadeiro anjo pra Lua, era incrível o carinho entre elas. Mas o que ainda me intrigava era a ligação de Arthur. Se me contassem eu não acreditaria.

Quando Chay e Mica chegaram eu contei a eles, e Luinha já se encontrava na sala de parto. Foi o suficiente pra Chay ficar ainda mais incomodado com aquela história.

- O que foi amor? – eu perguntei a ele já imaginando a resposta que viria.

- Mel, você tem noção de como eu me sinto, vendo meu irmão sofrendo sem saber o porquê, e eu sem poder falar nada, sem poder dar os parabéns por ele ser pai? – Chay falava furioso.

- Chay, isso não é da nossa conta, deixa ela resolver falar. – eu tentava acalma-lo.

- Eu sei Mel, mas me revolta isso. Afinal está todo mundo mentindo. E ele era a única pessoa que não merecia isso.

Achei melhor não prolongar, ou essa seria mais uma de nossas discussões por causa dos dois. Ultimamente eu tinha perdido a conta de quanto isso vinha sendo frequente em nosso namoro. E a médica adentrou a sala.

- Nasceu. Um garotão lindo! – ela já nos conhecia, afinal eu e Soph fomos os pais emprestados durante quase todas as consultas de Lua – Quem vai entrar primeiro?

Depois de muito debatermos, Chay foi primeiro, na verdade a gente teve que tirar na sorte. Era um bebê lindo, e nós os quatro tios babões.

Nossa rotina se transformou depois daquele dia. Sempre revezávamos pra ver quem dormiria com Lua e Rafael, esse era o nome do anjo.

Por Nana F.