Diário de Férias - Capitulo 17 - parte 3

- Pov Cupido -

No meio de tantos assuntos variados que surgiram, eis que o celular de Lua toca, era uma mensagem.

“Sei que está com Sophia em algum lugar,

preciso falar com você. Pode ser? Arthur.”

A garota olhou incrédula para o que lia. E respondeu de forma seca e fria. Era isso que ela seria, uma pedra de gelo.

“Café de sempre.”

- Se incomoda se quando ele chegar eu sair? – Sophia perguntava – Não quero ficar no meio de vocês, sei que ele foi errado. Mas acho que vocês devem conversar a sós.

- Por mim tudo bem. A gente se encontra depois no hotel. – Lua disse.

- Acho que vou pra casa deles hoje, ainda não sei. Mas de qualquer forma te ligo mais tarde. – Sophia já combinava tudo com a garota.

Não demorou muito e um Arthur receoso, com uma pequena sacola na mão desce do carro em frente ao café.

Mesmo com o tempo formando chuva novamente, as garotas estavam sentadas numa mesa do lado de fora a qual ele logo localizou. Antes do garoto chegar, Sophia já se levantava. O cumprimentou falando que já iria mesmo que só estava esperando ele chegar pra não deixar a amiga sozinha. E foi ela virar as costas pra o silêncio tomar conta da mesa.

Um, dois, cinco minutos se passaram... A única coisa dita foi Arthur que pediu um expresso ao garçom, e perguntou a ela se queria algo. Mas ela estava dispensando cenas constrangedoras, e com uma língua afiada pra discursões.

- Veio aqui pra ficar mudo, ou realmente tem algo pra falar comigo? – a direta e reta da vez foi ela.

- Eu nunca passei por isso e sinceramente não sei por onde começar – o garoto falava tenso e com um sorriso de nervoso pintando nos lábios.

- Começa pelo começo, talvez seja mais fácil. – e a cancela estava aberta. Mais um coice.

- Ah! Antes que eu me esqueça. Lembrei de você. – o garoto entregou a sacola que continha os bombons pra ela. Sim, aqueles comprados no shopping.

- Obrigada. – ela recebeu, olhou, agradeceu, mais continuava inexpressiva.

- Só vai falar isso? – Arthur perguntou, ele esperava pelo menos a metade de um daqueles sorrisos da garota quando eles saíram juntos. E a falta disso fez um bolo travar em sua garganta.

- Arthur, eu não sei se você está lembrado. Mas você me ofendeu bastante em um único dia. – ela começou se justificando, e continuou – Não vai ser com chocolates, que você vai conseguir me comprar. Na verdade eu não tenho preço. Não estou à venda nem “na pista pra negócio”.

- Eu não quis dizer isso...

- Então fala alguma coisa, porque até agora a única a falar algo aqui fui eu.

- Não precisa ser grossa, eu vim pedir desculpas, eu realmente me arrependi do que eu fiz...

- Eu estou sendo grossa? E você foi o que então? – Lua estava irredutível, nem com todo meu poder de cupido eu reverteria isso agora – Se arrependeu do que fez? Acha que falar desculpa basta pra que eu esqueça tudo?

- Lua, por favor, me escuta? – Arthur falou e a garota permaneceu muda – Eu sei que eu fui um canalha com você. Eu não queria de forma alguma acabar a amizade da gente dessa forma, eu me envolvi, me deixei levar por um impulso mais forte e quando eu percebi...

- Quando você percebeu a “viajante solitária” não era a garota que você queria e pensava. – falou interrompendo ele e fazendo o sinal das aspas com os dedos – Eu sou uma viajante solitária sim Arthur, eu não me envergonho mais de forma alguma disso. Tive meus problemas, tenho os meus motivos de estar aqui sozinha, mas nem por isso preciso passar por cima ou humilhar ninguém por algo que não consigo.

- Você está me interpretando mal, eu nunca quis dizer isso...

- Mas disse. Você falou tudo que estava engasgado quando quis. Se foi porque bebeu, pouco me importa. – Lua falava com tom de desprezo e o garoto se sentia realmente ofendido por isso – Me chamou de dramática, solitária, insinuou que eu fosse uma amiga falsa, um ser repugnante. Mas foi essa dramática que você tentou levar pra cama né? Seria mais uma para o grande currículo de Arthur Aguiar.

- Você está baixando o nível da conversa. – ele falava sério e eu tive medo disso.

Arthur mesmo não sendo nenhum monstro, como eu já disse, tinha o temperamento difícil e se irritava com facilidade, até quando não tinha razão. Ouvi algumas verdades machucavam o garoto, era como se algo mal resolvido no passado voltasse a o atormentar.

- Quem começou baixando nível de alguma coisa foi você. Enquanto eu estou falando num tom de voz normal diretamente e unicamente pra você, eu tive que escutar seus berros no meio de um bar com desconhecidos me olhando e meus amigos me encarando com cara de piedade. – Lua não segurou e uma lágrima rolou no seu rosto – Eu sinceramente não esperava isso de você.

- Eu já pedi desculpas! – ele falou sério novamente, ver a garota chorando e dizendo todas aquelas coisas o deixou totalmente perturbado – Mas você está agindo novamente como uma menina mimada. Eu quero falar e você não quer me escutar.

- Mimada também? Você sabe alguma coisa sobre minha vida? Sabe se eu realmente sou mimada? – Lua perguntava incrédula e se levantava – Eu cansei!

- Você está demonstrando ser, não só mimada, como uma pessoa mal amada e frustrada com tudo que faz na vida. – Arthur tinha que falar demais. Ele tinha que pisar na bola novamente.

- E você não passa de um playboyzinho ridículo, cheio de coisas num passado mal resolvido, e totalmente desprezível. – ela finalmente pegou no ponto fraco do garoto – Não é o fato de levar uma garota diferente pra cama todo dia, que te faz ser menos sozinho ou rejeitado. Você é digno de pena Aguiar, pena!

Assim que terminou de falar pingos grossos de chuva já caiam no local, Arthur estava em choque com tudo que ouviu e não respondeu nada. Apenas quando visualizou que a reação da garota foi sair correndo pela chuva que resolveu grita-la.

- Lua, não precisa sair na chuva. Eu te levo até o hotel.

A garota nem olhou pra trás. Esse foi o verdadeiro convite por educação. Ele sabia que ela jamais aceitaria uma carona. Pagou a conta, e quando foi se levantar viu que a garota havia esquecido os chocolates.

Foi dai que veio a nova ideia. Coisas de Cupido...

Por Nana F.