Capítulo 1
POV- Lua
O diretor do colégio, que
chamara-me em sua sala, pediu que eu me sentasse em uma das grandes poltronas
de couro.
“Lua, gostaria de oferecer algo a
você.” Ele disse, sorrindo maliciosamente.
Eu já havia ouvido boatos dos
assédios sexuais desse diretor, e, por isso, estremeci na cadeira.
“Ammm eu não estou interessada.”
Falei, sem mesmo ouvir a oferta.
“Lua, espera. Você será
remunerada, eu prometo que a oferta irá lhe trazer muito prazer.” Ele falou.
Olhei-o apavorada, mas como ele
segurava minha mão fui forçada a ouvir a proposta, enquanto segurava minha
respiração.
“A senhora Aguiar deseja que uma
aluna do colégio passe as tardes conversando com o filho dela. Você além de
receber dinheiro para isso, também terá
a chance de conversar com esse esperto garoto.” Ele explicou.
Quando ouvi isso passaram em
minha cabeça algumas coisas: o alivio por não estar sendo assediada, a ideia
que eu estaria ganhando dinheiro (devo dizer que eu precisava de dinheiro para
o cursinho de vestibular que eu desejava fazer) e o fato de, até onde eu sabia,
o Arthur (filho da Sra Arguiar) estava na Europa, não no Brasil.
“Diretor, mas o Arthur não estava
viajando? E para que ele precisaria de minha companhia?” Eu perguntei.
“Se você aceitar a proposta a Sra
Aguiar irá explicar tudo à você.” Falou o diretor.
Prometi que pensaria no caso. No
dia seguinte, fui ao encontro do diretor e disse que aceitava a proposta, com
isso, na tarde daquele mesmo dia, eu fui encontrar-me com a mãe do menino, que
me explicaria o caso e o que desejava que eu fizesse.
POV- Arthur
Quando a pessoa que minha mãe
chamou para ficar em minha companhia chegou, eu coloquei meu plano em prática.
Não queria ter que ficar com uma pessoa
falsa e interesseira (era mais que óbvio que ela estava apenas
interessada no dinheiro que minha mãe pagaria), nem mesmo que essa mesma fulana
tivesse pena de mim. Meu estado,devo confessar, era horrível, os meus cabelos
foram raspados, por causa do tratamento, meu rosto estava magro, meus olhos
possuíam olheiras escuras e profundas em baixo deles enquanto minha cara estava
muito pálida. O meu acompanhante era um menino, no estilo nerd. Bastaram duas
frases que o coitado saiu correndo de lá.
No outro dia, para minha tristeza, minha mãe enviara uma menina, que não
era feia, mas olhava-me com pena. Aquele olhar fez com que minha revolta
voltasse e eu mais uma vez colocasse meu plano em prática, porém, nem tudo saiu
como eu desejava.
Capítulo 2
POV- Lua
A Sra Aguiar era uma mulher
estranha, muito diferente da minha. Enquanto a minha mãe era conhecida por ser
trabalhadeira, a senhora era conhecida por ser consumista e arrogante.
Quando entrei na ENORME mansão,
não pude evitar sentir um tanto triste pela pequena casa onde eu vivia com meus
cinco irmãos. Uma empregada veio ao meu encontro na sala de estar, e pediu que
eu entrasse no escritório da Sra Aguiar.
“Com licença, a Senhorita
chegou.” Avisou a empregada para a mãe do menino.
“Entre e sente-se.” A milionária
disse, sem olhar-me.
“Oi, prazer. Eu sou a Lua.” Eu
disse, estendendo a mão para cumprimentá-la. A senhora ignorou-me e começou a
falar.
“Eu sei quem você é, e você sabe
quem eu sou, portanto vamos pular as apresentações. Seu diretor deve ter
avisado a você que eu preciso de alguém para fazer companhia ao meu filho.” Ela
falou.
“Sim. Você deseja que eu ajude-o
a se readaptar ao Brasil?” Tentei adivinhar.
“Por favor não interrompa-me. O
que vou falar aqui deverá ser mantido em sigilo. Se alguém perguntar porque
você vem aqui você irá apenas responder que eu dei um emprego a você como minha
assistente.” Ela disse, pegando uma xícara de chá e levando-o aos lábios
pintados. “Meu filho não foi para Europa dessa vez, a verdade é que eu e meu
marido inventamos essa historia para poupar-lhe a vergonha. Arthur está
tratando-se do câncer. Como o médico acha que ele precisa de mais atenção
entrei em contato com o diretor de várias escolas dessa cidade, a procura de
uma pessoa para ficar conversando com meu filho, mantendo-o entretido.” Ela
disse.
“Ok, mas o que exatamente você
deseja que eu faça?” Eu perguntei, horrorizada pelo fato dela simplesmente não
convidar um amigo dele ou algo do tipo.
“Converse com ele, assista algo,
não sei, vê o que ele deseja e faça sem reclamar. O que eu mais preso é
respeito e sigilo. Caso você quebre alguma regra farei questão de impedir que
seus pais consigam ingresso nessa ou em qualquer cidade.” Ela disse.
Aceitei a proposta e, no dia
seguinte, fui para a casa do menino. Eu jamais havia falado com ele. Eu era a
bolsista do colégio, ele era o mais rico do mesmo, eu era estranha, ele era
lindo. Lembro que na quarta série eu tinha uma pequena quedinha por ele, mas
ele sequer sabia que eu existia.
Não tive como ficar calma ao
imaginar-me conversando com ele.
POV- Arthur
A segunda acompanhante que minha
mãe contratara era uma garota que eu conhecia bem. Era bonita, mais para o
estilo gostosa, metida e, para piorar,
do tipo que não se abalava fácil com meus insultos.
Eu pensei que perderia aquela
batalha. Porém, minha mãe ficou mais irritada que eu quando a garota falou:
“Eu achava você o maior gato, mas
agora, você parece mais um zumbi ou um fantasma. O que aconteceu Arthur?” Ela
falou, fazendo biquinho e tirando uma foto minha.
Como naquele dia eu estava
passando mal, não consegui esconder-me e tive que passar por aquela humilhação.
Minha mãe, que ficou sabendo do caso no dia seguinte, ficou muito irritada. Ligou
para os advogados e prometeu que arruinaria a vida da menina e da família dela.
Não deu outra, no dia seguinte,
enquanto eu via o jornal, passou uma matéria sobre a prisão do pai dela.
Passaram-se alguns dias sem eu
ter acompanhamento algum. Nesses dias aproveitei para fazer o que todo garoto
da minha idade faz. Peguei algumas revistas (aquela que costumo esconder da
minha mãe e deixar as freiras apavoradas) e
folheei-as.
Eu estava olhando a janela
distraído, quando vi uma menina loira cruzar o portão. Estremeci, minha mãe não
apenas arranjara uma nova acompanhante, mas contratara uma que tinha cara de
hippie.
Capítulo 3
POV- Lua
Quando a empregada levou-me para
o quarto amplo, de janelas grandes, mas cheio de instrumentos médicos e
máquinas que faziam BIPE a todo instante senti um frio na barriga.
Sorri ao ver que o garoto
encarava-me. Arthur estava muito mais
magro do que da ultima vez que eu o vira, seu cabelo, antes moreno e bem
tratado, estava raspado, ele possuía uma olheira profunda, apenas o sorriso
sarcástico e sedutor mantinha-se igual.
“Oi Arthur. Sou a Lua, nós
estudávamos juntos.” Eu falei, tentando soar o mais normal possível.
“Não precisa fingir simpatia. Eu
sei que minha mãe está pagando para você ficar me fazendo companhia.” Ele
disse.
POV- Arthur
A garota, que não era tão feia
quanto eu imaginava, disse que estudava na mesma escola que eu estudara.
“Não precisa fingir simpatia. Eu
sei que minha mãe está pagando para você ficar me fazendo companhia.” Eu disse.
“Olha, eu sei que sua mãe está me
pagando e tudo mais, mas eu estou aceitando apenas porque realmente preciso do
dinheiro, caso contrário, viria aqui por livre e espontânea vontade.” Ela
disse.
“Claro que viria. Você tentaria
conquistar-me como qualquer garota fácil, para dar o golpe do baú.” Eu disse.
Eu podia estar errado, ela
poderia não ser interesseira, mas eu não aceitaria passar as tardes com uma
garota pobretona e chata, que estava lá por obrigação. O pior de tudo, era que
não importava o insulto que eu usasse ela simplesmente não saia de lá.
POV- Lua
Eu teria desistido daquele
emprego, se não tivesse uma ENORME pena do garoto. Arthur era obviamente
deixado de lado pela família, que pouco importava-se com o estado de saúde
dele.
Ao mesmo tempo, eu detestava-o.
Não aguentava os insultos. Fui chamada de sem caráter para baixo.
A cada dia que passava eu odiava
mais aquele trabalho. Se eu não fosse tão determinada, eu já teria saído. A
maior humilhação foi quando o garoto resolveu que apenas conversaria comigo
sobre sexo, fiquei mais desconfortável impossível.
Escrito por Amanda @CronicaDaAmanda
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